Com a mudança efectuada este ano, esperava-se uma melhoria significativa em termos de qualidade e de segurança, contudo, já começaram a circular na comunicação social notícias de que os barcos a adquirir pela “Transmaçor” não reúnem as condições de segurança exigidas, tendo que ser efectuado um enorme investimento nos mesmos. Ao que consta, vamos continuar a pagar – aliás, vamos pagar bastante mais – e o serviço prestado, pelo menos no que respeita às condições de segurança, continuará a deixar muito a desejar, basta ver que um dos barcos que virá operar para os Açores já tem 33 anos (o Express Athina, foi construído em 1973), enquanto o outro tem 26 anos (Baía de Málaga, construído em1980). Não só se adivinha que vamos continuar a ter um mau serviço, como iremos pagar mais por este… basta ver que uma passagem de Ponta Delgada para Santa Maria, aumenta cerca de cinco euros. O facto deste aumento ter sido anunciado nos órgãos de comunicação social como representando menos de metade de uma passagem de avião, pretende apenas atirar areia para os olhos dos açorianos, uma vez que o Governo Regional vai pagar à Transmaçor de indemnizações compensatórias € 16 milhões durante seis anos. Por outro lado, o aumento é justificado com uma série de subidas, mas é superior à taxa de inflação e muitíssimo superior aos aumentos salariais dos açorianos que há muito que vêm a perder poder de compra.
A ver vamos… mas uma coisa é certa, este bebe parece que volta a renascer torto…! Mudando um pouco de assunto, e mesmo sem perceber “patavina” de economia, não posso deixar de estranhar certas contas feitas pelos membros do Governo, ou pelos responsáveis do Gabinete de Informação do Governo. A 28 de Dezembro de 2004, o Secretário Regional da Habitação e Equipamentos assinou um protocolo com a Casa de Povo de Rabo de Peixe no valor de € 50 mil, destinados à reabilitação de habitações degradadas de pessoas idosas. Segundo uma notícia da altura o protocolo “(…) decorre no âmbito das parcerias de luta contra a pobreza, permitindo a realização de pequenas intervenções em habitações degradadas na Vila de Rabo de Peixe, dotando-as das condições mínimas de habitabilidade”. Qual não é o meu espanto, ao ler a 17 de Março de 2006 (ou seja, decorridos um ano e três meses) que o Director Regional da Habitação visitou na Vila de Rabo de Peixe ”as obras em curso em cinco moradias, integradas no programa de apoio à recuperação de habitação degradada”, resultantes do dito protocolo assinado há mais de um ano.
Agora, resta saber se esta verba foi contabilizada no plano de execução de 2005, ou se passou para o Plano e Orçamento de 2006, é que a segunda hipótese permite que o Governo Regional, daqui a dias, venha dizer que investiu € 100 mil na recuperação de habitação degradada em Rabo de Peixe… Muito mais haveria para dizer/escrever, nomeadamente quanto a certos rumores sobre supostas aplicações duvidosas destas verbas… contudo, as limitações de espaço não o permitem. A finalizar, gostaria de endereçar um sentido e reconhecido agradecimento a toda a equipa do Açoriano Oriental, desde o seu director a todos os trabalhadores, bem como a todos os que, ao longo destes quatro anos tiveram “paciência” para ler os meus escritos semanais, bem como a todos quantos, através de correio electrónico, comentários no blog ou mesmo pessoalmente, expressaram o seu agrado ou desagrado com o que fui escrevendo. Após cerca de 192 semanas de colaboração regular com o Açoriano Oriental, despeço-me de todos os que me acompanharam prometendo contudo que, sempre que haja algum assunto que a tal me “obrigue”, voltarei “à carga”.
Lurdes Branco, In Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 21 de Março de 2006