PRESIDENCIAIS – Porque é importante que isso não fique no silêncio e, antes, seja sufragado nas presidenciais, a candidatura apresentada anteontem pelo PCP terá algo mais a dizer sobre as actuais políticas do PS, no essencial apoiadas expressamente pelo PSD, do que simplesmente afirmar-se (de boca fechada em relação a muitas matérias incómodas) à esquerda da candidatura de Cavaco e Silva, como farão certamente Defensor de Moura, Manuel Alegre ou Fernando Nobre...
DISCURSOS DE VERÃO – Para entreter, sem nunca se pronunciarem sobre as consequências da crise e as graves dificuldades por que passam os portugueses (em nome de quem dizem falar), andámos esta semana a saltar de Sócrates para Passos Coelho e de Passos Coelho para Sócrates, desafiando-se eles entre si, com arreganhos de circunstância (ditos de esquerda de um lado e de direita do outro), mas acenando, como pano de fundo, um com orçamentos...de direita, e outro com revisões constitucionais de...direita! Razão tem Marcelo Rebelo de Sousa (e nisso é competente, pois conhece bem a qualidade de tais arreganhos) para vir de uma assentada pôr um fim às “brincadeiras” dos putos arreganhados (“que os mercados financeiros não gostam”, acentuou) e aconselhar o PSD a votar o Orçamento do PS, pois então...
MEDIDAS DE VERÃO – Tal como previmos nesta coluna, no início do mês, aí estão as consequências das medidas socráticas “de esquerda” (o tal apelido com que o Governo PS e o Primeiro-ministro tanto gostam de se exibir frente ao PSD e ao CDS): Os pobres pais, porque a mulher e os filhos passaram por decreto a valer somente 75 e 50% de uma cabeça cada, já estão a perder o rendimento mínimo (só nos Açores são 1.350 a ficar sem cheta, e o resto a receber menos 25%) - O CDS exulta... Uau! - Os trabalhadores com mais tempo de desemprego e com mais filhos (agora “meios-filhos”) estão já a perder, ou a verem baixar para menos de metade, sem aviso prévio, as prestações sociais a que tinham direito. As anteriores comparticipações para despesas de habitação, dependência, deficiência ou maternidade, esfumam-se à velocidade do relâmpago…Tudo em nome, não da “esquerda” que tanto gostam de auto-proclamar como sendo a sua opção política, mas em nome do controlo administrativo do défice, tão caro igualmente ao PSD...
DOIS PRÉMIOS NOBEL – Paul Krugman, Nobel da Economia em 2008, e Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, o primeiro no mês passado ao New York Times, e o segundo anteontem na Holanda, nenhum deles suspeito de ser esquerdista, afinam pelo mesmo diapasão e afirmam categoricamente que o controlo administrativo do défice, com que o esquerdo PS ou o direito PSD (estaremos a falar por acaso dos pés de alguém?) tanto subjugam os portugueses, é um autêntico disparate europeu e apenas contribui para fabricar uma recessão dolorosa e profunda, “sem sentido”, a qual pode vir a resultar: “…numa longa depressão em que o custo para a economia mundial e, acima de tudo, para os milhões de vidas arruinadas pela falta de empregos, será imenso.”
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado no jornal "Diário dos Açores" na sua edição do dia 26 de Agosto de 2010