Na semana passada foi aprovado o Orçamento Regional para 2011. Embora estejam nele contidas algumas medidas de defesa em relação aos efeitos que irá ter o Orçamento de Estado nesta Região insular e distante, penso que a "cultura politica" absolutamente partidarizada que vigora, impediu que viesse ao de cima, de forma forte, a lucidez que era precisa.
Os tempos de hoje e os tempos próximos são tempos bem difíceis. São tempos em que as pessoas normais, trabalhadoras e honestas estão e estarão a pagar a factura monstruosa que o oportunismo, o aproveitamento, o abuso e a corrupção geraram neste nosso País. Mas é muito importante notar que todas essas pessoas normais, trabalhadoras e honestas continuam a ser alvo de uma fortíssima pressão que visa fazer recuar, a título definitivo, tudo o que as ultimas gerações conquistaram em termos sociais e económicos.
Quem criou os enormes problemas de hoje, são os mesmos que a nível, regional, nacional e europeu, continuam no poder e continuam com poder. Pior que isso é sabermos que continuam determinados em prosseguir este caminho de aumento desenfreado da exploração e de criação de uma acumulação espectacular para uns poucos, à custa de muitos.
Daquilo que vi e ouvi dos debates do Orçamento Regional posso concluir, com segurança, que são muito poucos os interventores político institucionais da Região que entendem, lucidamente, que são muito urgentes sérias e profundas mudanças na governação regional. Foi confrangedor assistir ao "duelo verbal" entre o PS e o PSD, partidos que não conseguem esconder a similitude dos respectivos pensamentos, objectivos e práticas políticas, mas que, apesar disso e apenas por causa da titularidade do poder, nem se conseguem entender no simples remedeio de situações que, ambos, criaram ao longo do tempo!
29/11/2010
José Decq Mota