2010 caracterizou-se por nos deixar recheado de mentiras, como opinava na passada semana. Que 2011 seja melhor, é essa a esperança de muitos, transmitida de boca em boca entre amigos, conhecidos, vizinhos ou colegas, aos primeiros dias de Janeiro.
Pois aí está quem logo nestes mesmos dias se encarrega de baldear água fria a jorros sobre tão inocentes, quão descabidas, expectativas.
Em Ponta Delgada, como suporte para a anunciada meta da actual administração municipal visando cobrir todo o Concelho com a recolha diária de lixo, foi instaurada há uns tempos a Taxa de RSU, que pôs, sem grande contestação (dada a vantagem dessa melhoria), todos os cidadãos a pagar, juntamente com a tarifa da água, os lixos que depositavam fora de portas. Ora bem, invocando (pasme-se) o "desenvolvimento sustentável do Concelho" e a "qualidade de vida das populações", a partir de 16 do mês corrente não só fica congelado o número de dias de recolha para as freguesias que ainda não a tinham diária, como passam a alternar os dias de recolha nas restantes. E nem sequer lhes passou, obviamente, pela cabeça deduzir essa redução qualitativa de serviços na taxa anteriormente criada com o objectivo inverso, isto é, de os melhorar…
A esperança de vida aumentou bruscamente em Portugal, para os 82 anos de idade. Para quem não se apercebeu ainda, esta aparente boa notícia tem como consequência legal a aplicação do denominado "factor de sustentabilidade" às reformas e às pensões, baixando estas na proporção inversa, em 2011…
Mas, quanto a estatísticas, há mais. O INE, sob a tutela do Governo da República, com o PSD a apoiar (pois claro), resolveu alterar, exactamente para o ano em que se prevêem os piores números do desemprego (desde o 25 de Abril), os procedimentos de recolha de dados para a avaliação estatística dos números do desemprego em Portugal (agora será por telefone, tal como nas sondagens), tornando impossível em 2011 as comparações com os números relativos aos anos anteriores. Adivinham-se portanto, felizmente, números menos maus para 2011, não será?
"Precisava de nascer duas vezes, para alguém ser mais sério do que eu"! Palavras soberbas da boca do candidato presidencial em visita aos Açores. Tal como muitos outros, que nem sequer se meteram com amigos ou negócios do BPN, convenci-me (dado não ter nascido duas vezes) que o candidato, mesmo sem saber quem sou, estaria a insinuar abusivamente que sou menos sério do que ele!
Alguém que quer "ajudar Portugal", sendo agente e patrocinador das causas do actual sofrimento do país, vem aos Açores enquanto candidato presidencial e, afirmando o seu "respeito absoluto pelas instituições do Estado", ignora o que considerou na Madeira, isto é, os órgãos institucionais da Autonomia...
Sobre o candidato em causa socorro-me da opinião de João Luis Medeiros, esta semana no Correio dos Açores: "A asquerosa equipa de simpatizantes do keynesianismo esquizofrénico transformou a democracia portuguesa num satélite corporativo do capital europeu. Perante tão fastidiosa suposição, a crise portuguesa não precisa de um estadista político; precisa, tão-somente, dum "fiel de armazém" de formação tecnocrata…
Mário Abrantes