Estava há dias a almoçar calmamente quando dei por mim a ouvir, na RTP/A, a Dr.ª Berta Cabral dizer que Anibal Cavaco Silva era um grande "amigo dos Açores"! Continuei a almoçar, mas centrei a minha atenção no enorme esforço, em vão feito por Berta, para demonstrar a afirmação feita.
Que Cavaco foi o 1ºMinistro mais centralista de todos os que existiram depois do 25 de Abril, todos sabemos.
Que Cavaco congelou, por dez anos, o valor das transferências do Orçamento de Estado para a Região, também todos sabemos.
Que Cavaco, como Presidente da Republica, foi o único, também depois do 25 de Abril, que nada fez a favor da consolidação da Autonomia, está à vista de todos.
Que Cavaco, há muitos anos aconselhado por um anti-autonomista feroz, transformou recentemente uma norma lateral do Estatuto dos Açores num "drama" ridículo, também sabemos.
Que Cavaco, normalmente parco de palavras, perdeu a compostura quando foi chamado a comentar medidas açorianas de diminuição dos efeitos das medidas recessivas adoptadas, muitos de nós vimos.
Apesar de tudo isto, Berta Cabral, vem dizer que Cavaco (este Cavaco) é um "grande amigo dos Açores"! É de bradar aos Céus!
O único elemento "de prova" que Berta elencou a favor da alegada amizade de Cavaco para com os Açores, foi o facto da União Europeia ter criado o conceito de Região Ultraperiférica, quando Cavaco era 1º Ministro. A antiga Secretária Regional das Finanças, Berta Cabral, esqueceu-se, entretanto, de acrescentar que esse empenhamento foi assumido, como então diziam todas as figuras de proa do PSD/A, para tornar mais fácil o estúpido congelamento das transferências que Cavaco decretou.
Com "amigos" destes os Açores não precisam de inimigos.
Votar em Cavaco é votar, directamente, contra a Autonomia.
José Decq Mota