1.Inicio hoje uma colaboração regular com o “Incentivo”, na qual procurarei, tal como faço desde 1979 nos mais diversos jornais dos Açores, contribuir para que a nossa comunidade reflicta sobre os problemas de interesse colectivo e sobre as várias formas que há para os resolver.
Privilegiarei nestes textos as temáticas que interessam directamente ao Faial e a esta parte da Região, constituída por ilhas bem próximas e que só ganham se equacionarem em conjunto as soluções para muitos dos problemas mais agudos. Não me eximirei, entretanto, de comentar outros temas, regionais, nacionais ou internacionais, desde que entenda ser importante trazer a debate algum ponto de vista sobre eles.
Privilegiarei nestes textos as temáticas que interessam directamente ao Faial e a esta parte da Região, constituída por ilhas bem próximas e que só ganham se equacionarem em conjunto as soluções para muitos dos problemas mais agudos. Não me eximirei, entretanto, de comentar outros temas, regionais, nacionais ou internacionais, desde que entenda ser importante trazer a debate algum ponto de vista sobre eles.
Encaro, de facto, estes artigos como uma forma de trazer a debate muitos problemas e estarei disponível a analisar e discutir opiniões que outros queiram contrapor às minhas.
Vivemos uma época em que os poderes instalados fogem da discussão clara dos problemas. Vivemos numa época em que a disponibilidade de participação política dos cidadãos é menor, essencialmente em função das más práticas que os poderes, a todos os níveis, têm adoptado. Reina, em geral, o partidarismo cego; os critérios de grupo ou de defesa de interesses predeterminados comandam as decisões mais importantes; o eleitoralismo, ou seja a intenção de facilitar a captação de votos na eleição seguinte, preside a muitas das decisões que os órgãos de poder tomam; o interesse nacional é substituído pelo interesse do grande capital financeiro; o interesse regional é trocado pelo interesse dos que visam uma concentração económica e geográfica dos processos de desenvolvimento; o verdadeiro interesse local é muitas vezes esquecido pelos eleitos locais, mais empenhados em manterem hipóteses de promoção política no âmbito da força dominante, do que arriscarem uma “carreira” para defenderem mesmo a terra que os elegeu; o abandono de funções políticas atribuídas por eleição popular está quase a tornar-se um hábito e servem de razões para esses abandonos, quer “carreiras académicas que urge desenvolver”, quer a impossibilidade legal de serem acumulados vencimentos de titulares de cargo político com pensões ou com reformas; o desrespeito pelo voto popular que esses abandonos indiciam, parece não incomodar quem os concretiza; a possibilidade de um eleito ou activista político, que seja pensionista ou reformado, poder ocupar o seu tempo a cumprir um mandato obtido por eleição ou desempenhar uma tarefa de interesse colectivo para a qual tenha sido legitimamente convidado, parece hoje não interessar a muitos cidadãos tidos como interessados no serviço público, pelo facto de se não poder acumular pensões ou partes de reformas com outro vencimento.
Tudo o que atrás enumerei define um quadro muito complicado, originado no essencial por práticas políticas que são distorcidas, egoístas, interesseiras e cada vez mais distantes de um conceito democrático genuíno.
No plano local todos temos vindo a notar que está instalada uma tendência que, aos poucos, vai transformando a política local numa arena onde predomina a mediocridade.
Se somarmos a estas questões o claro ambiente de descrença, preocupação e revolta gerado pela crise que estamos a viver, poderemos concluir que atravessamos um momento bem difícil. Não podemos perder de vista que a crise existente resulta das políticas nacionais e internacionais que estão a ser teimosamente feitas e que têm que ser fortemente combatidas.
Sendo embora muito aliciante a possibilidade que agora vivo de poder dispor, quase em exclusivo, do magnífico carinho proporcionado pelos netos, não quero deixar de participar na luta e disponho-me a intervir, quer pela emissão de opinião, quer pela eventual participação em tarefas cívicas concretas, sem qualquer motivação ligada a melhoria de rendimentos pessoais.
2. No próximo Domingo realiza-se a 1ª volta das eleições presidenciais no nosso País.
Será bom que se verifiquem duas situações: uma clara e não condicionada assumpção pelos eleitores das suas próprias preferências e uma significativa acorrencia às urnas.
Na 1ª volta o que devemos almejar é uma boa participação e uma boa presença e afirmação eleitoral daqueles que entendem que é preciso, verdadeiramente, mudar.
A minha posição pessoal quanto a estas eleições é pública, expressa-se pelo apoio à candidatura de Francisco Lopes, explica-se pela profunda necessidade que existe de afirmar rapidamente uma consciência colectiva forte de recusa do pântano para onde os poderes atiraram o País e assenta numa profunda e antiga certeza de que é urgente conseguir que o Povo volte a ter o protagonismo que assumiu depois do 25 de Abril.
Assistimos a um enorme esforço de desresponsabilização pela situação actual, feito por candidatos que, sabendo das suas responsabilidades, procuram criar a imagem de “inocentes”.
Para dar valor político e transformador a estas eleições é necessário dar votos a quem sempre lutou por outras e mais justas políticas.
José Decq Mota
Vivemos uma época em que os poderes instalados fogem da discussão clara dos problemas. Vivemos numa época em que a disponibilidade de participação política dos cidadãos é menor, essencialmente em função das más práticas que os poderes, a todos os níveis, têm adoptado. Reina, em geral, o partidarismo cego; os critérios de grupo ou de defesa de interesses predeterminados comandam as decisões mais importantes; o eleitoralismo, ou seja a intenção de facilitar a captação de votos na eleição seguinte, preside a muitas das decisões que os órgãos de poder tomam; o interesse nacional é substituído pelo interesse do grande capital financeiro; o interesse regional é trocado pelo interesse dos que visam uma concentração económica e geográfica dos processos de desenvolvimento; o verdadeiro interesse local é muitas vezes esquecido pelos eleitos locais, mais empenhados em manterem hipóteses de promoção política no âmbito da força dominante, do que arriscarem uma “carreira” para defenderem mesmo a terra que os elegeu; o abandono de funções políticas atribuídas por eleição popular está quase a tornar-se um hábito e servem de razões para esses abandonos, quer “carreiras académicas que urge desenvolver”, quer a impossibilidade legal de serem acumulados vencimentos de titulares de cargo político com pensões ou com reformas; o desrespeito pelo voto popular que esses abandonos indiciam, parece não incomodar quem os concretiza; a possibilidade de um eleito ou activista político, que seja pensionista ou reformado, poder ocupar o seu tempo a cumprir um mandato obtido por eleição ou desempenhar uma tarefa de interesse colectivo para a qual tenha sido legitimamente convidado, parece hoje não interessar a muitos cidadãos tidos como interessados no serviço público, pelo facto de se não poder acumular pensões ou partes de reformas com outro vencimento.
Tudo o que atrás enumerei define um quadro muito complicado, originado no essencial por práticas políticas que são distorcidas, egoístas, interesseiras e cada vez mais distantes de um conceito democrático genuíno.
No plano local todos temos vindo a notar que está instalada uma tendência que, aos poucos, vai transformando a política local numa arena onde predomina a mediocridade.
Se somarmos a estas questões o claro ambiente de descrença, preocupação e revolta gerado pela crise que estamos a viver, poderemos concluir que atravessamos um momento bem difícil. Não podemos perder de vista que a crise existente resulta das políticas nacionais e internacionais que estão a ser teimosamente feitas e que têm que ser fortemente combatidas.
Sendo embora muito aliciante a possibilidade que agora vivo de poder dispor, quase em exclusivo, do magnífico carinho proporcionado pelos netos, não quero deixar de participar na luta e disponho-me a intervir, quer pela emissão de opinião, quer pela eventual participação em tarefas cívicas concretas, sem qualquer motivação ligada a melhoria de rendimentos pessoais.
2. No próximo Domingo realiza-se a 1ª volta das eleições presidenciais no nosso País.
Será bom que se verifiquem duas situações: uma clara e não condicionada assumpção pelos eleitores das suas próprias preferências e uma significativa acorrencia às urnas.
Na 1ª volta o que devemos almejar é uma boa participação e uma boa presença e afirmação eleitoral daqueles que entendem que é preciso, verdadeiramente, mudar.
A minha posição pessoal quanto a estas eleições é pública, expressa-se pelo apoio à candidatura de Francisco Lopes, explica-se pela profunda necessidade que existe de afirmar rapidamente uma consciência colectiva forte de recusa do pântano para onde os poderes atiraram o País e assenta numa profunda e antiga certeza de que é urgente conseguir que o Povo volte a ter o protagonismo que assumiu depois do 25 de Abril.
Assistimos a um enorme esforço de desresponsabilização pela situação actual, feito por candidatos que, sabendo das suas responsabilidades, procuram criar a imagem de “inocentes”.
Para dar valor político e transformador a estas eleições é necessário dar votos a quem sempre lutou por outras e mais justas políticas.
José Decq Mota