Um dia mais tarde, se as actuais políticas europeias não se alterarem, em nome do que resta da soberania nacional, contraposta à intolerável chantagem dos mercados (bancos, companhias de seguros e fundos), Portugal, para continuar Portugal, poderá ter de passar por algumas decisões difíceis (assim apelidadas pelo acto de rebelião nelas implícito) como a promoção de uma auditoria à sua dívida externa e o esclarecimento público da respectiva natureza, com a finalidade, não de fugir ao que deve, mas de apurar o que é dívida legítima e o que é dívida especulativa, fazendo cair sobre esta última o anúncio unilateral de incumprimento programado, bem como, nalguns casos, a suspensão de pagamentos, renegociando os respectivos montantes e prazos.
Para já, em alternativa à orientação política vigente (definida pelo Governo PS, apoiado pelo PSD) de redução substancial do défice num apertado espaço de tempo, um governo efectivamente submisso, não a Angela Merkel, mas à vontade e aos interesses portugueses, levaria com certeza a cabo uma política que definisse como objectivo a redução sustentada e gradual, em tempo alargado, do défice do orçamento e do endividamento externo, permitindo, com isso, o folgo simultâneo ao crescimento económico.
As marcas mais dolorosas e injustas da crise que escancarou portas desde 2008: o desemprego, as falências, o aumento desenfreado das desigualdades e da pobreza, e os atentados continuados aos direitos e aos rendimentos do trabalho, só serão possíveis de travar através do crescimento económico sustentável. Pelo contrário, a política prioritária de obsessiva redução do défice a curto prazo determina, como tem determinado e continuará a determinar em 2011, uma quebra da actividade económica e o aumento do desemprego, restando apenas saber em que altura deste ano o crescimento económico passará a negativo, isto é, em que altura o país entra em recessão. Nesta situação, a sua sobrevivência permanecerá agrilhoada à contracção de mais dívida externa, sendo esta, por sua vez, obtida a juros cada vez mais elevados. É um ciclo fatal…
A coligação PS/PSD de garrote ao défice está tão falha de visão que, maugrado todos os sinais, não consegue ver para onde essa política está a conduzir o país? Ou estaremos antes perante uma orientação recessiva pré-determinada por uma coligação internacional de interesses com vista a esticar a corda em Portugal, e noutros países, até que certos e inconfessados objectivos sejam alcançados?
De fora vêm recados sucessivos para que o país mexa nas leis laborais e na liberalização dos despedimentos. De dentro, para já não falar na pregação regional de Mário Fortuna, Vieira da Silva defende a reforma laboral espanhola que prevê despedimentos mais fáceis e indemnizações mais baixas. Sócrates prepara-se para levar agora esta prenda a Merkel…
Ora em Espanha esta “prenda”, mesmo não totalmente conseguida, apenas determinou mais desemprego (são agora 4,3 milhões os espanhóis sem emprego) e uma política de desenvolvimento tendencialmente baseada, como nos países asiáticos industriais, em baixos salários, nos horários desumanos, na precariedade e na ausência de direitos laborais.
É até aqui que os interesses coligados de dentro e de fora querem então, criminosamente e em surdina, esticar a corda da chantagem? Pois bem, sendo assim, de uma coisa estou certo, por esta ou pela nova geração e pelo sofrimento a todos causado, um dia mais tarde serão (mesmo) obrigados a responder!
As marcas mais dolorosas e injustas da crise que escancarou portas desde 2008: o desemprego, as falências, o aumento desenfreado das desigualdades e da pobreza, e os atentados continuados aos direitos e aos rendimentos do trabalho, só serão possíveis de travar através do crescimento económico sustentável. Pelo contrário, a política prioritária de obsessiva redução do défice a curto prazo determina, como tem determinado e continuará a determinar em 2011, uma quebra da actividade económica e o aumento do desemprego, restando apenas saber em que altura deste ano o crescimento económico passará a negativo, isto é, em que altura o país entra em recessão. Nesta situação, a sua sobrevivência permanecerá agrilhoada à contracção de mais dívida externa, sendo esta, por sua vez, obtida a juros cada vez mais elevados. É um ciclo fatal…
A coligação PS/PSD de garrote ao défice está tão falha de visão que, maugrado todos os sinais, não consegue ver para onde essa política está a conduzir o país? Ou estaremos antes perante uma orientação recessiva pré-determinada por uma coligação internacional de interesses com vista a esticar a corda em Portugal, e noutros países, até que certos e inconfessados objectivos sejam alcançados?
De fora vêm recados sucessivos para que o país mexa nas leis laborais e na liberalização dos despedimentos. De dentro, para já não falar na pregação regional de Mário Fortuna, Vieira da Silva defende a reforma laboral espanhola que prevê despedimentos mais fáceis e indemnizações mais baixas. Sócrates prepara-se para levar agora esta prenda a Merkel…
Ora em Espanha esta “prenda”, mesmo não totalmente conseguida, apenas determinou mais desemprego (são agora 4,3 milhões os espanhóis sem emprego) e uma política de desenvolvimento tendencialmente baseada, como nos países asiáticos industriais, em baixos salários, nos horários desumanos, na precariedade e na ausência de direitos laborais.
É até aqui que os interesses coligados de dentro e de fora querem então, criminosamente e em surdina, esticar a corda da chantagem? Pois bem, sendo assim, de uma coisa estou certo, por esta ou pela nova geração e pelo sofrimento a todos causado, um dia mais tarde serão (mesmo) obrigados a responder!
Mário Abrantes