A regulamentação dos apoios ao desporto feita em 1999, ainda que traduzindo uma insípida política desportiva para a Região, potenciou um crescimento desportivo que se traduziu no aumento sustentado da prática desportiva. O tempo não foi ainda suficiente para avaliar se a recente reformulação do quadro jurídico dos apoios financeiros à prática desportiva foi o mais adequado ao actual estádio de desenvolvimento do fenómeno desportivo na Região tenho, porém, algumas dúvidas sobre a sua eficácia. Dúvidas que subsistem devido ao principal objectivo que presidiu às alterações introduzidas que visaram, antes de mais, questões de ordem pontual, aliás o Governo Regional, nesta como noutras matérias, tem pautado a sua actuação como se de um alfaiate se tratasse. Não faltam por aí exemplos de decisões que mais parecem “fatos por medida”. Mas, no actual momento, não são as questões de ordem interna que mais me preocupam.
Sobre o desporto regional pairam nuvens negras carregadas de discriminação e centralismo e que a desabarem representam anos de retrocesso e põem em causa o investimento feito na formação e desenvolvimento desportivo na Região. Refiro-me à impune posição da Federação de Andebol de Portugal que continua a não permitir, à margem da legalidade constitucional, que as equipas insulares participem em igualdade de condições com as sua congéneres continentais nos campeonatos nacionais, pondo em causa o princípio da continuidade territorial. Outras Federações espreitam a oportunidade. É tempo de os agentes desportivos, o Governo Regional, os partidos políticos e outros actores sociais e económicos unirem esforços na defesa do desporto regional e do princípio da continuidade territorial que, tenhamos consciência disso, vai muito para além da questão desportiva.
Aníbal C. Pires, In Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 24 de Abril de 2006