Anos houve que logo no começo da safra foram feitas boas pescarias de Voador, Albacora ou mesmo Rabilo. Com a aproximação do verão e de águas mais quentes era o Bonito que com maior ou menor abundância enchia os porões e, por vezes, com bom tempo, até o convés e mesmo as tinas das embarcações. Havia mestres que ano após ano sempre davam boas soldadas, dizia-se que “tinham sempre sorte”!
Entre outros, aqui recordo Mestre Manuel Alves, Mestre Herculano Rodrigues, Mestre Ribeiro, Mestre Adolfo, Mestre Alfredo Quadros e Eduino Quadros, Mestre Gregório, Mestre Francisco Rosa, Mestre Jaime (do Condor), Mestre Sacadura, isto para referir só alguns de entre muitos.
Naquele tempo procurava-se apanhar quantidades e o que interessava era “virar” as 100, 200, 300 … toneladas, numa competição salutar, uma vez que os preços que as fábricas de conserva pagavam, para além de miseráveis, eram os únicos possíveis, negociados por vezes já com o andar da safra. As contas eram feitas no fim da época, depois de varadas as traineiras e só então a cada um atribuía a respectiva soldada, o que por vezes acontecia já no início do ano seguinte.
Este ano já foram pescados alguns Atuns lá para os lados do Grupo Oriental que foram vendids em fresco na Lota. Aliás, a venda de Atum fresco em Lota veio introduzir um dado novo na pesca do Atum e obviamente uma mais valia que vem potenciar um melhor aproveitamento deste importante recurso, que a natureza e a nossa situação geográfica nos oferece.
Todavia, continuamos, tal como no passado, a procurar a quantidade em detrimento da qualidade, desperdiçando um precioso recurso que poderá ter e forçosamente terá um inquestionável peso económico no sector das pescas Açorianas.
É necessário e cada dia mais urgente orientar a frota que se dedica à pesca do Atum para uma pesca de qualidade, onde se deva valorizar essa mesma qualidade, afectando-se para tal recursos financeiros disponíveis de modo a que possamos atingir os preços que normalmente são pagos pelos grandes mercados, como seja o Japonês.
Cabe às entidades com responsabilidade na gestão das Pescas, nomeadamente o Governo, criar as condições básicas necessárias a tal mudança. Não é necessário inventar seja o que for, os mercados existem e felizmente que no nosso mar, ano após ano, com maior ou menor abundância os grandes atuns que valem importâncias incalculáveis, sempre aparecem por cá. O que importa é a implementação de um novo rumo para a pesca do Atum que tenha em conta um presente e futuro promissor do qual dispomos.
Genuino Madruga