A generalidade dos portugueses, apenas com excepção daqueles que visam engrandecer-se à custa das dificuldades colectivas e dos que crescem com o aumento do grau de exploração dos trabalhadores activos e reformados, sente que o País foi empurrado para uma situação trágica, que não goza de qualquer apoio solidário do espaço europeu e que os “espertos” de dentro e de fora estão a procurar aproveitar esta situação para impor um modelo de organização que acentua a exploração do trabalho, que faz aumentar ainda mais a dependência externa, que introduz uma fortíssima recessão, que aumenta drasticamente a pobreza, que diminui acentuadamente o nível de vida das classes laboriosas e da classe média.
Que o nosso Pais vive uma situação económica e financeira muito complicada, todos sabemos.
Que essa situação foi gerada por muitos anos de políticas erradas e contrarias ao interesse nacional, entendido como sendo o interesse da maioria dos portugueses, já muitos e muitos cidadãos entenderam.
Que a governação dos últimos seis anos, feita pelos governos de Sócrates, tem especiais responsabilidades neste desastre, porque nada fez para alterar o rumo das coisas, porque evitou sempre e sempre assumir posições fortes de contestação e recusa de algumas imposições dos parceiros europeus, porque internamente foi sempre cavando os buracos onde se acoitam as “clientelas”, também já se tornou bem claro para milhões de portugueses.
Que os partidos que tiveram responsabilidades governativas desde os anos 80 (PS, PSD e CDS/PP) muita manobra fizeram, nos últimos três anos, no sentido de se concretizar uma violenta intervenção estrangeira que imponha um abaixamento generalizado do nível de vida dos portugueses, a par de uma absurda, imoral, injustificada e inaceitável concentração de riqueza, tornou-se, nos últimos dias, claro como a agua que bebemos.
Que todas estas manobras cínicas visam levar os cidadãos, pelo voto, a “legitimar” esta tentativa de impor um retrocesso histórico na sociedade portuguesa, está, cada dia que passa, a ficar mais claro na mente de muitos portugueses.
O chamado Memorando de Entendimento negociado entre a Troika (FMI, Comissão Europeia e BCE) e o governo de gestão da Republica Portuguesa da responsabilidade da direcção do PS e que contou com a assinatura do PSD e do CDS/PP, tem uma claríssima marca ideológica, que se detecta, de entre outros, pelos aspectos e pontos seguintes: o mercado é sempre melhor que o Estado; os mecanismos de defesa dos centros nacionais de decisão são liquidados; as privatizações são aceleradas, sem sequer se atender à situação actual dos mercados; são impostas muitas reduções nos serviços públicos de saúde, educação e outros; são facilitados e tornados muito mais baratos os despedimentos; é drástica e criminosamente diminuída a protecção social aos desempregados, são dramaticamente aumentados custos em transportes, energia e medicamentos.
Em troca de um empréstimo é imposta a implementação das teses neoliberais que têm como consequência inevitável o aumento das injustiças, a concentração da riqueza e a destruição do papel regulador e equilibrador do Estado.
Se somarmos às orientações atrás anotadas a postura de apoio fortíssimo à banca, com quadruplicação do financiamento que estava previsto e com o aumento muito substancial dos avales públicos, temos que concluir que a troika veio cá, como entidade colonizadora e que apoia a sua acção nos caciques financeiros e políticos que se venderam.
Ainda vamos ver bancos portugueses integrarem consórcios para concorrer à privatização de excelentes empresas públicas, pagando com dinheiro que lhes vai ser dado e que nós vamos pagar!
Quem chama a esta operação “ajuda externa” está, e sabe disso, a mentir com quantos dentes tem na boca. Estamos sim perante uma verdadeira ocupação do País, embora sem tropa, em que o ocupante aplica a sua vontade de forma discricionária.
Aos portugueses cabe defenderem-se do ocupante e derrotarem os seus obedientes agentes internos.
Interessa ainda esclarecer alguns outros pontos, porque neste período eleitoral são atiradas “muitas camionetas de areia” para os olhos dos cidadãos.
Um dos aspectos a ter em conta prende-se com os próprios partidos políticos que têm realizado estas políticas e que aceitaram, subscreveram e querem executar a imposição brutal elaborada pela Troika.
Assim e desde logo temos o PS, que sendo historicamente classificado como uma força de esquerda, tem de facto uma enorme e esmagadora responsabilidade na situação actual que o País vive. Sem pretender neste momento analisar, numa perspectiva histórica, o posicionamento ideológico e político do PS e reconhecendo que há muitos milhares de militantes, apoiantes e votantes do PS que partilham ideais da Esquerda, o certo é que a direcção do PS, com muitas manobras mas poucos disfarces, tem realizado exclusivamente as políticas que são favoráveis ao progresso das teses neoliberais que orientam os verdadeiros chefes da União Europeia. Para além disso essa mesma direcção cultivou e disseminou um estilo governativo que tem tudo a ver com o clientelismo e o aproveitamento ilegítimo e não tem nada a ver com a isenção e seriedade que são exigíveis a qualquer democrata, independentemente do seu posicionamento.
É preciso que fique totalmente claro que aquilo a que, genericamente, poderíamos chamar de ideias de esquerda, nada tem a ver com a desgraça nacional que a direcção do PS ajudou, de forma determinante, a criar.
No que toca ao Partido Social Democrata, penso que o primeiro equívoco está no nome. De facto as afinidades que o PSD possa ter com a social-democracia resulta mais da tendência dos sociais-democratas históricos adoptaram as políticas liberais quando estão no poder, do que doutra coisa qualquer.
O PSD é um partido da direita “liberal” que, como tal, adoptou como seu o programa neoliberal dominante na Europa. Essa opção transforma-o, tal como ao PS com esta direcção, num dos coveiros da democracia com amplos horizontes, que nasceu com o 25 de Abril. Muitos têm sido os cidadãos que, equivocadamente, pensam que do PSD vem a “a salvação nacional”, mas tal não é assim, porque nesta fase de criação de uma espécie de “ imperialismo global”, associado ao projecto dito neoliberal, o papel destas forças é serem os impulsionadores, em cada País, das teses que visam a diluição dos direitos dos Povos e das identidades Nacionais. Muitos desses cidadãos estão certamente a rever o sentido do seu apoio político, porque não se querem associar a este desastre.
O CDS/PP, sendo um partido da direita “tradicional”, procura fazer crer que não se revê nesta política neoliberalista desenfreada e, para tal, elege uns quantos temas que desenvolve de forma populista, procurando captar, especialmente do PSD, o voto do descontente. Acontece porém que não se conhecem as diferenças de fundo que separem o CDS, quer do PSD, quer da direcção do PS, no que toca aos grandes temas e aos grandes objectivos. Pode dizer-se que este CDS de Portas, com muito teatro à mistura, está a procurar, recorrendo a pequenas e localizadas “cirurgias políticas”, criar mais espaço político para si, sem nunca se comprometer com a recusa da política neoliberal que, obviamente, não recusa.
No próximo artigo procurarei contribuir para o esclarecimento daquilo que é a política patriótica e de esquerda que defendo e procurarei mostrar as consequências gravíssimas para a Região Autónoma dos Açores que resultam da imposição da Troika estrangeira e que a troika portuguesa (PS, PSD, CDS) se propõe executar.
José Decq Mota
Que essa situação foi gerada por muitos anos de políticas erradas e contrarias ao interesse nacional, entendido como sendo o interesse da maioria dos portugueses, já muitos e muitos cidadãos entenderam.
Que a governação dos últimos seis anos, feita pelos governos de Sócrates, tem especiais responsabilidades neste desastre, porque nada fez para alterar o rumo das coisas, porque evitou sempre e sempre assumir posições fortes de contestação e recusa de algumas imposições dos parceiros europeus, porque internamente foi sempre cavando os buracos onde se acoitam as “clientelas”, também já se tornou bem claro para milhões de portugueses.
Que os partidos que tiveram responsabilidades governativas desde os anos 80 (PS, PSD e CDS/PP) muita manobra fizeram, nos últimos três anos, no sentido de se concretizar uma violenta intervenção estrangeira que imponha um abaixamento generalizado do nível de vida dos portugueses, a par de uma absurda, imoral, injustificada e inaceitável concentração de riqueza, tornou-se, nos últimos dias, claro como a agua que bebemos.
Que todas estas manobras cínicas visam levar os cidadãos, pelo voto, a “legitimar” esta tentativa de impor um retrocesso histórico na sociedade portuguesa, está, cada dia que passa, a ficar mais claro na mente de muitos portugueses.
O chamado Memorando de Entendimento negociado entre a Troika (FMI, Comissão Europeia e BCE) e o governo de gestão da Republica Portuguesa da responsabilidade da direcção do PS e que contou com a assinatura do PSD e do CDS/PP, tem uma claríssima marca ideológica, que se detecta, de entre outros, pelos aspectos e pontos seguintes: o mercado é sempre melhor que o Estado; os mecanismos de defesa dos centros nacionais de decisão são liquidados; as privatizações são aceleradas, sem sequer se atender à situação actual dos mercados; são impostas muitas reduções nos serviços públicos de saúde, educação e outros; são facilitados e tornados muito mais baratos os despedimentos; é drástica e criminosamente diminuída a protecção social aos desempregados, são dramaticamente aumentados custos em transportes, energia e medicamentos.
Em troca de um empréstimo é imposta a implementação das teses neoliberais que têm como consequência inevitável o aumento das injustiças, a concentração da riqueza e a destruição do papel regulador e equilibrador do Estado.
Se somarmos às orientações atrás anotadas a postura de apoio fortíssimo à banca, com quadruplicação do financiamento que estava previsto e com o aumento muito substancial dos avales públicos, temos que concluir que a troika veio cá, como entidade colonizadora e que apoia a sua acção nos caciques financeiros e políticos que se venderam.
Ainda vamos ver bancos portugueses integrarem consórcios para concorrer à privatização de excelentes empresas públicas, pagando com dinheiro que lhes vai ser dado e que nós vamos pagar!
Quem chama a esta operação “ajuda externa” está, e sabe disso, a mentir com quantos dentes tem na boca. Estamos sim perante uma verdadeira ocupação do País, embora sem tropa, em que o ocupante aplica a sua vontade de forma discricionária.
Aos portugueses cabe defenderem-se do ocupante e derrotarem os seus obedientes agentes internos.
Interessa ainda esclarecer alguns outros pontos, porque neste período eleitoral são atiradas “muitas camionetas de areia” para os olhos dos cidadãos.
Um dos aspectos a ter em conta prende-se com os próprios partidos políticos que têm realizado estas políticas e que aceitaram, subscreveram e querem executar a imposição brutal elaborada pela Troika.
Assim e desde logo temos o PS, que sendo historicamente classificado como uma força de esquerda, tem de facto uma enorme e esmagadora responsabilidade na situação actual que o País vive. Sem pretender neste momento analisar, numa perspectiva histórica, o posicionamento ideológico e político do PS e reconhecendo que há muitos milhares de militantes, apoiantes e votantes do PS que partilham ideais da Esquerda, o certo é que a direcção do PS, com muitas manobras mas poucos disfarces, tem realizado exclusivamente as políticas que são favoráveis ao progresso das teses neoliberais que orientam os verdadeiros chefes da União Europeia. Para além disso essa mesma direcção cultivou e disseminou um estilo governativo que tem tudo a ver com o clientelismo e o aproveitamento ilegítimo e não tem nada a ver com a isenção e seriedade que são exigíveis a qualquer democrata, independentemente do seu posicionamento.
É preciso que fique totalmente claro que aquilo a que, genericamente, poderíamos chamar de ideias de esquerda, nada tem a ver com a desgraça nacional que a direcção do PS ajudou, de forma determinante, a criar.
No que toca ao Partido Social Democrata, penso que o primeiro equívoco está no nome. De facto as afinidades que o PSD possa ter com a social-democracia resulta mais da tendência dos sociais-democratas históricos adoptaram as políticas liberais quando estão no poder, do que doutra coisa qualquer.
O PSD é um partido da direita “liberal” que, como tal, adoptou como seu o programa neoliberal dominante na Europa. Essa opção transforma-o, tal como ao PS com esta direcção, num dos coveiros da democracia com amplos horizontes, que nasceu com o 25 de Abril. Muitos têm sido os cidadãos que, equivocadamente, pensam que do PSD vem a “a salvação nacional”, mas tal não é assim, porque nesta fase de criação de uma espécie de “ imperialismo global”, associado ao projecto dito neoliberal, o papel destas forças é serem os impulsionadores, em cada País, das teses que visam a diluição dos direitos dos Povos e das identidades Nacionais. Muitos desses cidadãos estão certamente a rever o sentido do seu apoio político, porque não se querem associar a este desastre.
O CDS/PP, sendo um partido da direita “tradicional”, procura fazer crer que não se revê nesta política neoliberalista desenfreada e, para tal, elege uns quantos temas que desenvolve de forma populista, procurando captar, especialmente do PSD, o voto do descontente. Acontece porém que não se conhecem as diferenças de fundo que separem o CDS, quer do PSD, quer da direcção do PS, no que toca aos grandes temas e aos grandes objectivos. Pode dizer-se que este CDS de Portas, com muito teatro à mistura, está a procurar, recorrendo a pequenas e localizadas “cirurgias políticas”, criar mais espaço político para si, sem nunca se comprometer com a recusa da política neoliberal que, obviamente, não recusa.
No próximo artigo procurarei contribuir para o esclarecimento daquilo que é a política patriótica e de esquerda que defendo e procurarei mostrar as consequências gravíssimas para a Região Autónoma dos Açores que resultam da imposição da Troika estrangeira e que a troika portuguesa (PS, PSD, CDS) se propõe executar.
José Decq Mota