E eles vieram até aos Açores não para esclarecer o que quer que fosse, mas para deixar os motes e o lastro dos ataques mútuos mais estapafúrdios que imaginar se pudessem a propósito dos Açores e da Autonomia. Só Sócrates desistiu da visita, enquanto Primeiro-ministro, provavelmente porque César lhe dará entretanto conta do recado. Mas Passos Coelho e Paulo Portas vieram, enquanto candidatos, para obscurecer o principal (um memorando para Portugal, publicado em inglês) e elevar o acessório (este em português mais que foleiro: os pentelhos de Catroga). E todos os três partidos se atiçaram entre si numa nova guerra de culpabilização mútua pelos desaires presentes e futuros do emprego, da política social e da Autonomia nos Açores.
Discursando sobre os interesses nacionais, o crescimento económico, o Estado Social ou a Autonomia Regional: enquanto um diz que defende, mas corta, outro diz que corta para defender e outro diz que só defende e nada corta! Seria tão bom poder aproveitar, dos três discursos, o que todos dizem defender, mas a verdade é bem diversa e, se despojada dos inúmeros disfarces pré-eleitorais, é sobretudo crua! Dos três discursos para os açorianos, apenas se aproveitam…os cortes! Estes estão assumidos e garantidos por qualquer dos oradores partidários através de um contrato de submissão consciente, assinado pelos três, com os donos do Euro que, ao seu chamamento, vieram cobrar-se de um empréstimo a juros para-mafiosos, decidindo não ajudar mas saquear o país e os direitos de quem trabalha, de três em três meses, para ajudar de facto os credores financeiros das dívidas pública e privada portuguesas, e a banca. (Esta, como o Leitor se deve ter apercebido, de imediato se candidatou aos avales do Estado, mal o tal contrato foi homologado pelas instâncias comunitárias).
Derramando lágrimas de crocodilo e lavando as mãos como Pilatos, espantoso como Berta Cabral e Artur Lima acusam o Governo Regional de não ter sabido negociar com a troika os interesses dos Açores, quando os dois, através dos seus partidos, livremente (e chamando-lhe bom), também comprometeram os seus nomes no contrato com o FMI/FEEF/BCE, o qual, sem direito a qualquer negociação efectiva, prevê precisamente os cortes na Lei de Finanças Regionais e o duplo aumento dos impostos e do desemprego nos Açores.
Acusando o PSD e o CDS de nada terem feito pelos Açores nas negociações com a troika, e proclamando, em simultâneo a defesa da Autonomia, da Lei de Finanças Regionais e da gestão pública dos aeroportos dos Açores, César alimenta a ilusão de que tenha havido negociações, deixando por explicar, nesse caso, porque é que o PS assinou um acordo (a que chama positivo), que compromete expressamente a Autonomia, a diferenciação fiscal e inclui a privatização da ANA.
É então para esta “salvação” nacional que César, acessórios à parte, considera incontornável o entendimento entre o PS e o PSD?
A tal maioria absoluta, “necessária” ao governo de Portugal, submissa a um memorando que, pelos efeitos recessivos nele plasmados, além de induzir mais desigualdades, menos crescimento económico e investimento público, mais desemprego e pobreza, sobredimensiona a dívida externa do país e a torna impagável?
Derramando lágrimas de crocodilo e lavando as mãos como Pilatos, espantoso como Berta Cabral e Artur Lima acusam o Governo Regional de não ter sabido negociar com a troika os interesses dos Açores, quando os dois, através dos seus partidos, livremente (e chamando-lhe bom), também comprometeram os seus nomes no contrato com o FMI/FEEF/BCE, o qual, sem direito a qualquer negociação efectiva, prevê precisamente os cortes na Lei de Finanças Regionais e o duplo aumento dos impostos e do desemprego nos Açores.
Acusando o PSD e o CDS de nada terem feito pelos Açores nas negociações com a troika, e proclamando, em simultâneo a defesa da Autonomia, da Lei de Finanças Regionais e da gestão pública dos aeroportos dos Açores, César alimenta a ilusão de que tenha havido negociações, deixando por explicar, nesse caso, porque é que o PS assinou um acordo (a que chama positivo), que compromete expressamente a Autonomia, a diferenciação fiscal e inclui a privatização da ANA.
É então para esta “salvação” nacional que César, acessórios à parte, considera incontornável o entendimento entre o PS e o PSD?
A tal maioria absoluta, “necessária” ao governo de Portugal, submissa a um memorando que, pelos efeitos recessivos nele plasmados, além de induzir mais desigualdades, menos crescimento económico e investimento público, mais desemprego e pobreza, sobredimensiona a dívida externa do país e a torna impagável?
Mário Abrantes