Os resultados eleitorais na Região Autónoma da Madeira, não modificam a situação política geral naquela Região, mas constituem, a meu ver, uma mexida importante, reveladora, globalmente, de intranquilidade política e social.
Em relação a 2007 Jardim perde 14 pontos percentuais e cerca de 20000 votos, fixando a sua votação nos 48%. Consegue 25 deputados em vez dos 33 de há 4 anos. Dos 256483 eleitores inscritos, foram 71556 os que votaram Jardim, o que, continuando a ser muito, já não é aquele domínio absoluto que vinha de trás.
O CDS/PP sobe em flecha, passando de 2 para 9 deputados e colocando-se como segundo partido parlamentar com 17.6% dos votos. O PS cai de 15,4%ara 11,5% e perde um deputado. O PTP, com José Manuel Coelho, chega aos 6,9% e elege 3 deputados. A CDU desce de 5,4% para 3,8%, ficando agora com 1 deputado, em vez dos 2 que tinha. O PND e o MPT mantêm cada um 1 deputado, enquanto o PAN elege 1 pela primeira vez. O BE perdeu o deputado que tinha e saiu da Assembleia.
É este sumariamente o quadro agora existente: O PSD com maioria absoluta de 2 deputados, 8 partidos representados, o CDS/PP como segunda força, o PS com uma quebra acentuada, o partido de José Manuel Coelho com três deputados, a CDU agora com um deputado, mas com presença parlamentar e o BE afastado do parlamento.
Se é verdade que Jardim foi o vencedor, também é verdade que estas eleições abriram um horizonte para o fim do “Jardinismo”.
A votação elevada de Coelho (PTP) tem que ser endossada à popularidade da personagem, associada a uma vontade de mudança. A subida acentuada do CDS/PP é fruto do conservadorismo ideológico instalado, associado ao crescimento da descrença em Jardim. A dispersão dos votos por 8 partidos, demonstra, ao mesmo tempo, vontade de mudar e dificuldade em transformar essa vontade em verdadeira força de mudança.