Penso e defendo que a União Europeia deve ser uma União de Estados Soberanos, livremente associados, tendo como objectivo comum a realização de políticas concertadas que visem o progresso social, económico e cultural de todos os países que a integrem.
Não é preciso ser grande observador ou grande especialista para concluir que a União Europeia dos dias de hoje, com toda a sua enorme máquina burocrática, com um verdadeiro e determinante directório assumido pelos estados mais fortes, com opções de controlo das finanças públicas totalmente impostas pelo grande capital financeiro internacional, se tem afastado, cada vez mais, dessa perspectiva de cooperação para um justo e adequado desenvolvimento, compatível com a riqueza hoje produzida.
Acresce que a União Europeia de hoje está envolvida, até ao fundo, numa manobra política de enormes dimensões que visa impor a todo o espaço da união um modelo organizativo assente nas mais radicais e reaccionárias teses neoliberais.
Quando, dentro do espaço da união europeia, foi criada a zona euro ou da moeda única, os políticos portugueses da direita e do PS defenderam com grande veemência a adesão de Portugal, porque assim estaríamos no”pelotão da frente”, como então se dizia. Lá fomos “nesse pelotão”, abdicando dos instrumentos essenciais para regular os impactos financeiros na economia, persistindo sempre e sempre em políticas económicas erradas e cada vez mais minadas pela grande corrupção e pelo grande aproveitamento privado de recursos públicos, até chegarmos à desgraça em que hoje estamos.
Esta Europa de hoje, também minada pelas contradições que estas opções ideológicas agora dominantes geram, está à beira do abismo e só dai sairá bem se os povos europeus agirem nesse sentido!
Artigo de opinião de José Decq Mota, em 23 de Novembro de 2011