O Sr. Deputado Clélio Meneses sintetizou esta semana toda uma tónica interventiva do PSD-A, que os órgãos de comunicação social açorianos têm veiculado nos últimos meses (sem grande sentido crítico, infelizmente).
Disse ele: “O PSD defende uma mudança total de políticas e de modelo de governação”, porque numa Região em que tudo corre mal, o Governo continua a dizer que tudo corre bem.
Disse ele: “O PSD defende uma mudança total de políticas e de modelo de governação”, porque numa Região em que tudo corre mal, o Governo continua a dizer que tudo corre bem.
E atinentes ao discurso mais exaustivo que os seus correligionários têm feito, e não se têm cansado de repetir, tudo corre mal, porque nos encontramos perante uma Região onde os despedimentos e os salários em atraso são uma constante, o desemprego disparou, em números oficiais, para a casa dos 12%; mais de 17 mil açorianos vivem do Rendimento Social de Inserção e 31,5 famílias vivem com menos de 540 euros por mês.
Sem dúvida que estes números resultam das políticas e da governação que tem sido seguida. Sem dúvida que é desejável uma “mudança total de políticas e de modelo de governação”. Sem dúvida também que o PSD, pela citação exaustiva que tem feito nos últimos tempos destas realidades estatísticas, as quais atormentam com razão cada vez maior número de açorianos, procura induzir nestes a ideia de que a “mudança total de políticas e de modelo de governação” que defende, significa precisamente a concentração dos esforços deste partido no combate aos despedimentos e ao desemprego, na diminuição do número de pobres e no aumento do rendimentos das famílias.
“Uma mudança total de políticas e de modelo de governação” visando esses objectivos só será possível nos Açores com o reforço do investimento público reprodutivo; com a recusa da assunção regional, via estatuto autonómico, das medidas restritivas e recessivas, bem como dos cortes salariais, impostos pelo Governo da República; com medidas de âmbito nacional e comunitário que aliviem a Região dos sobrecustos da insularidade, em particular nos transportes; com restrições à liberalização do mercado do leite; com o aumento do complemento regional do salário mínimo nacional, com o apoio directo da Região à empregabilidade das PME’s; com a manutenção e mesmo o reforço do domínio da Região sobre empresas estratégicas; com o maior e melhor investimento no sector da saúde e da educação.
Sobre isto, o PSD diz nada. Papagueando a obscura fraseologia neo-liberal do Governo da República, a “mudança total de políticas” do PSD interpreta afinal, como a música da Relva, o mesmo e mais forte aquelas que já são as políticas actuais (ou não fosse o PS parceiro da Troika), resumindo-se a objectivos propositadamente pouco claros, como sejam: “Libertar a sociedade civil do peso do sector público” ou “acabar com a economia artificial e fazer dos Açores uma região económica”(?)
É que os iníquos compromissos políticos e partidários que condicionaram e condicionam a governação do PS e contribuíram para se chegar àquelas preocupantes estatísticas regionais que o PSD, para confirmar que tudo corre mal, ultimamente tanto se afadiga em reproduzir, são precisamente os mesmos que farão correr mal a governação posterior do PSD, em caso de os açorianos confiarem na sua “mudança total de políticas”, amarrados que estão ambos os partidos não ao combate à recessão, ao desemprego e pelo crescimento económico, mas antes à estratégia duma “austeridade” que, como se confirma, visa pôr os mais pobres a controlar um défice em sucessivas derrapagens e a pagar uma dívida impagável, pondo ao mesmo tempo nas mãos dos Catrogas, dos Jorges Coelhos ou dos Armandos Varas uma média de 700.000 euros anuais de rendimento para cada um...
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 11 de janeiro de 2012
Sem dúvida que estes números resultam das políticas e da governação que tem sido seguida. Sem dúvida que é desejável uma “mudança total de políticas e de modelo de governação”. Sem dúvida também que o PSD, pela citação exaustiva que tem feito nos últimos tempos destas realidades estatísticas, as quais atormentam com razão cada vez maior número de açorianos, procura induzir nestes a ideia de que a “mudança total de políticas e de modelo de governação” que defende, significa precisamente a concentração dos esforços deste partido no combate aos despedimentos e ao desemprego, na diminuição do número de pobres e no aumento do rendimentos das famílias.
“Uma mudança total de políticas e de modelo de governação” visando esses objectivos só será possível nos Açores com o reforço do investimento público reprodutivo; com a recusa da assunção regional, via estatuto autonómico, das medidas restritivas e recessivas, bem como dos cortes salariais, impostos pelo Governo da República; com medidas de âmbito nacional e comunitário que aliviem a Região dos sobrecustos da insularidade, em particular nos transportes; com restrições à liberalização do mercado do leite; com o aumento do complemento regional do salário mínimo nacional, com o apoio directo da Região à empregabilidade das PME’s; com a manutenção e mesmo o reforço do domínio da Região sobre empresas estratégicas; com o maior e melhor investimento no sector da saúde e da educação.
Sobre isto, o PSD diz nada. Papagueando a obscura fraseologia neo-liberal do Governo da República, a “mudança total de políticas” do PSD interpreta afinal, como a música da Relva, o mesmo e mais forte aquelas que já são as políticas actuais (ou não fosse o PS parceiro da Troika), resumindo-se a objectivos propositadamente pouco claros, como sejam: “Libertar a sociedade civil do peso do sector público” ou “acabar com a economia artificial e fazer dos Açores uma região económica”(?)
É que os iníquos compromissos políticos e partidários que condicionaram e condicionam a governação do PS e contribuíram para se chegar àquelas preocupantes estatísticas regionais que o PSD, para confirmar que tudo corre mal, ultimamente tanto se afadiga em reproduzir, são precisamente os mesmos que farão correr mal a governação posterior do PSD, em caso de os açorianos confiarem na sua “mudança total de políticas”, amarrados que estão ambos os partidos não ao combate à recessão, ao desemprego e pelo crescimento económico, mas antes à estratégia duma “austeridade” que, como se confirma, visa pôr os mais pobres a controlar um défice em sucessivas derrapagens e a pagar uma dívida impagável, pondo ao mesmo tempo nas mãos dos Catrogas, dos Jorges Coelhos ou dos Armandos Varas uma média de 700.000 euros anuais de rendimento para cada um...
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 11 de janeiro de 2012