Embora esteja a 1000 km de distância, acompanhei com muito interesse e expectativa a grande Manifestação do passado dia 11 de Fevereiro, convocada pela CGTP-Intersindical Nacional, que uma vez mais demonstrou ser uma força social fundamental na nossa sociedade.
O sucesso rotundo desta Manifestação tem uma enorme importância social e política, pois para além de contrariar e enfraquecer fortemente a ideia de que esta política de empobrecimento, de reforço da exploração e de destruição das capacidades próprias do País, é “tolerada” pelos portugueses, vem trazer para o primeiro plano a urgência de serem trilhados outros caminhos.
Portugal não quer nem pode ser uma “região mandada” por uma Europa que se reduziu à condição de “espaço vital” da Alemanha de Merkel apoiada pela França de Sarckozy.
Os portugueses, sujeitos a um dos mais baixos salários mínimos da zona euro, não podem continuar a ser mais espremidos com impostos e taxas; não podem aceitar a arbitrariedade nas relações de trabalho; não podem tolerar o crescimento deliberado do desemprego; não podem engolir leis que impõem trabalho não remunerado; não podem aceitar a verdadeira condenação de milhares de micro, pequenas e médias empresas, que esta política implica; não podem concordar com o desmembramento e alienação do sector público da economia; não podem ficar passivos perante a destruição do Serviço Nacional de Saúde; não podem, numa palavra, assistir a esta fria destruição do País, que visa alcançar um retrocesso social de um século!
Por tudo isto a luta tinha mesmo que vir a terreiro! E veio ao Terreiro do Paço que agora é Terreiro do Povo e Terreiro da Luta, como muito bem disse Arménio Carlos.
A luta terá que continuar a afirmar-se e a crescer, transformando todo o enorme descontentamento existente em força social e política de mudança.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 12 de fevereiro de 2012