
Quer no poder regional, quer no poder local as maiorias absolutas têm uma elevadíssima quota parte da responsabilidade por todos os desvios, distorções, manobras ilegítimas e opções erradas que, infelizmente, marcam de forma demasiado forte a governação açoriana (regional e local) dos últimos 30 anos.
Nas últimas eleições autárquicas verificou-se, no Concelho da Horta, que o partido vencedor (PS) não logrou ter a maioria absoluta nem na Câmara nem na Assembleia Municipal.
No que toca à Câmara os resultados, dada a grande proximidade entre os três maiores partidos do Concelho, determinaram uma composição de 3 lugares para o PS, 2 para o PSD e 2 para a CDU.
Alguns analistas e dirigentes políticos regionais mais atentos sabiam, desde Junho, que a maior probabilidade para o Concelho da Horta era o de se verificar um resultado desse tipo (3,2 ,2) subsistindo entretanto a dúvida sobre quem teria 3 lugares.
Muitos escritos, ditos e boatos que entretanto circularam até ao dia das eleições e que afirmavam que o resultado só teria significado para o PS e para o PSD, têm que ser entendidos como tentativas (algumas tristes) de tentar diminuir o papel da CDU neste Concelho.
Esse período porém passou, a CDU/Faial obteve o seu melhor resultado absoluto de sempre no Concelho da Horta, e os eleitos, os quadros e os activistas da CDU/Faial declararam desde logo a sua inteira disponibilidade de diálogo e a sua profunda vontade em assumirem, no Município, as responsabilidade executivas compatíveis com o resultado eleitoral verificado.
Contrariando os vaticínios de alguns dogmáticos segundo os quais “terá que haver eleições antecipadas na Câmara da Horta”, a CDU/Faial aposta na estabilidade da governação municipal, estabilidade essa que terá que ter como pilares seguros os planos de actividade anuais solidamente construídos e apoiados pelo menos por dois dos três partidos representados e um estilo de trabalho que alimente fortemente a participação da população no debate e decisão dos problemas.
Como é sabido eu próprio sou um dos vereadores eleitos pela CDU na Horta e sinto, de forma muito viva, que chegou ao momento de demonstrar na prática que é possível, com respeito pela autonomia própria de cada força política, governar-se um Município com estabilidade e eficácia, sem que haja maioria absoluta de um só partido.
Diálogo, autonomia de iniciativa, coordenação, lealdade em relação ao que se acorda e acima de tudo verdade nas actuações são as chaves desta situação.
Estou convicto que o Faial vai entrar num novo ciclo político, no qual, por decisão dos seus eleitores, passarão a ter outro tipo de intervenção aqueles que ao longo dos últimos anos combateram a estagnação relativa que foi imposta à ilha do Faial.
Sei que os Faialenses e os Açorianos estão atentos a esta nova situação e sei também que pela parte que toca à CDU, tudo será feito para demonstrar que, sem maiorias absolutas, com bom senso e muito diálogo, a governação será melhor.
José Decq Mota em Palavras com sentido na revista Factos