Retratos deste tempo

José Decq MotaCada dia que passa traz-nos factos, declarações, situações e incidentes que nos mostram, com toda a clareza, o domínio de um poder obscuro e a forma irresponsável que, nesse quadro, muitos dirigentes políticos se comportam.
Na semana que findou soube-se que o desemprego vai crescer mais; foi aprovada legislação laboral brutal; teve-se conhecimento que os serviços secretos da Republica podem estar a trabalhar para interesses económicos e para certos dirigentes político partidários.
Como se não bastasse ouviu-se o 1ºMinistro, perante o desemprego massivo que a sua política está a provocar, vir dizer “que o desemprego é, para muitos, uma oportunidade que se abre” e que os “desempregados não podem errar duas vezes”! Esta declaração tem tanto de irresponsável como de brutal e vinda de quem vem, mostra-nos que estamos a ser governados por um grupo totalmente insensível aos interesses das pessoas comuns e totalmente vendido aos interesses do tal poder obscuro que de facto nos governa.
Mas se olharmos para a vida desta nossa Região, não resisto a resumir uma situação a que assisti na quase assassinada RTP/Açores. Estava a ver noticias no telejornal e inicia-se uma reportagem das destruições ocorridas na Bretanha, Concelho de Ponta Delgada, à qual dediquei a maior atenção. A reportagem decorreu, bem-feita e esclarecedora e a dado passo ouviu-se um depoimento, como era adequado, da Senhora Presidente da Câmara. Depois de resumir a situação a Senhora Presidente “passou-se” e fechou o depoimento declarando que é preciso “deitar mãos à obra” usando o motivo da sua campanha eleitoral para as eleições regionais. Misturar tudo é apanágio de quem quer o poder a todo o custo e quem o quer assim não é, como a eleição de Passos Coelho, presidente do partido de Berta Cabral, mostrou, para boas causas!

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 19 de Maio de 2012