Esmagamento Salarial

jos_decq_mota_webA grande imprensa nacional dava-nos conta, há dois dias, que havia, nas Agencias de Emprego, oferta de empregos para arquitectos com salários mensais de 500 euros.
Casos houve aqui na Região de despedimentos de quadros intermédios de grandes empresas, logo seguidos da contratação para essas mesmas funções de outros trabalhadores da empresa, ganhando apenas ligeiramente mais do que o pouco que ganhavam.
Estas duas notícias esboçam duas tendências que têm que ser denunciadas: o primeiro caso significa que face ao alastramento do desemprego, motivado pela provocada desaceleração da economia, uma parte do patronato quer impor, no primeiro emprego, um verdadeiro esmagamento chantagista dos salários; o segundo caso demonstra que os grupos económicos mais sólidos e rentáveis querem impor um aperto inaceitável nos modestos leques salariais praticados, fazendo aproximar os salários melhores dos mais baixos.
Não tenho qualquer dúvida que toda a política do actual Governo aponta para práticas deste tipo. Toda a orientação ideológica adoptada por quem está a governar, implica o aumento do fosso entre as camadas privilegiadas, que assim continuarão e a grande massa de trabalhadores de todos os graus de formação, que serão alvo de acrescidos graus de exploração. Para compensar o estreitamento do mercado interno que, obviamente, resulta dessa compressão dos rendimentos, esses grandes grupos económicos procuram instalar-se em países estrangeiros, da União Europeia ou de fora dela. Esse estreitamento do mercado interno provoca, por outro lado, a falência de milhares de pequenas e médias empresas, dando, assim, mais algum espaço interno a esses grandes grupos.
É isto que visam a “troika”, a Sr.ª Merkel e o seu “representante pessoal” em Portugal, Passos Coelho.

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 29 de maio de 2012