A Autonomia a fugir

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Por muito que os responsáveis políticos regionais, no poder ou na oposição, fingam que o nosso sistema político específico está a funcionar normalmente, o certo é que está no ar a sensação clara de que a “Autonomia está a fugir”, esmagada pelo autoritarismo neoliberal que domina o poder da Republica.
O serviço público regional de televisão é reduzido e alterado de fora para dentro, embora com activos colaboradores dentro; é produzida e aplicada legislação ignorando os poderes constitucionais e estatutários da Região Autónoma; o poder da Republica não cumpre minimamente as suas obrigações para com a Região, quer no que toca aos serviços periféricos do Estado, quer no que respeita à cooperação com os órgãos de governo da Região.
Foi neste quadro que se comemorou o Dia dos Açores, onde foram produzidas afirmações sonantes e razoavelmente firmes, mas enfraquecidas por muitos meses de alheamento em relação aos problemas. Uma vez mais os protagonistas preferiram ocupar-se primacialmente de um estupido incidente protocolar, que nunca deveria ter existido.
Com a recessão a escalavrar os Açores; com os órgãos de governo próprio tendencialmente reduzidos a uma mera e limitada dimensão administrativa;  com eleições regionais à porta, é tempo desta sociedade acordar, defender o nosso sistema autonómico, recusar dar o poder regional aos que aqui representam o poder da Republica ( PSD – PP) e recusar dar tanto poder aos que governam a Região há 16 anos (PS)  e ganharam “tiques” muito condenáveis.
O caminho que antevejo como desejável e possível é o de recusar dar o poder a Berta Cabral e a Artur Lima, que são os principais representantes nos Açores de Passos Coelho e Paulo Portas e é o de recusar, também, dar a maioria absoluta ao PS, porque ele a não merece. Reforçar o parlamento à esquerda, dando em especial força à CDU, partido que conhece e defende coerentemente os Açores, é o caminho seguir.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 4 de junho de 2012