Uma foto com dezenas de cadáveres cobertos por um lençol é divulgada pela credível BBC inglesa como comprovativa do recente massacre de Houla, atribuído ao exército sírio, atuando às ordens do presidente daquele país. Só que o fotógrafo italiano Marco de Lauro, em depoimento ao jornal britânico Telegraph, questionou em absoluto a autenticidade da origem de tal fotografia: É que a dita é de sua autoria e foi tirada em 27 de Março de 2003 no Iraque, ao sul de Bagdad, poucos dias depois de iniciada a invasão norte-americana do país... Como afirmou o comentador de política internacional José Goulão, para lá do que de condenável tenha ou não o regime de Assad na Síria, o recurso a fotos como esta levanta naturalmente a questão da possível manipulação e falsificação de informação em torno da realidade que se vive naquele país, bem como questiona também o carácter das “fontes” privilegiadas, sejam elas “ativistas”, blogues patrocinados por secretas ocidentais, ou organizações ditas de direitos humanos surgidas de um momento para o outro, para nos informar sobre o que lá se passa. Assim não vale, isto é batota!
Se um país, a Grécia, vai a votos e, sobre as escolhas com que se confronta o seu eleitorado, altos representantes institucionais de outros países, a começar pela Alemanha, se pronunciam publicamente em catadupa a favor de uma delas e contra as outras, utilizando mesmo como linguagem de suporte a chantagem e o catastrofismo, então essas escolhas deixam de ser livres e soberanas. Assim não vale, isto é batota! Mas se mesmo assim, como aconteceu, a maioria do eleitorado se pronuncia contra ou com fortes reservas ao programa da troika para esse país, provocando aos seus principais promotores (o PASOK e a Nova Democracia) fortes quebras eleitorais, e apesar de tudo estes poderão ainda formar governo, porque um deles tem, num total de 300, direito a 50 deputados de bónus, então é batota sobre batota. O resultado final fica-se por um refinado embuste: Vitória alemã nas eleições gregas…! Já quanto às eleições em França, que decorreram no mesmo dia, ninguém deu por qualquer ingerência ou pressão externa exercida sobre o seu eleitorado. Porque será?
Nos Açores, o Tribunal de Contas denuncia a já anteriormente denunciada batota da viagem de Luísa César ao Canadá em 2010 e a batota da declaração de residência de um Secretário Regional. Na mesma ocasião e a despropósito, já que o juízo estava feito e publicamente difundido, a RTP 1 decidiu instar o PSD/Açores a emitir o seu próprio juízo sobre o assunto e Duarte Freitas, embarcando embevecido no favorecimento ao seu partido, em tempo de pré-campanha para as eleições regionais, por parte de um canal público nacional de televisão, considerou tais comportamentos como exemplos de falta de moral e ética políticas. Ora isto, por parte da RTP 1, já cheira a batota e a falta de ética jornalística (quanto mais não seja, por ignorar outros partidos concorrentes e por colocar aquela denúncia como primeira notícia, à frente de denúncias simultâneas do Tribunal de Contas financeiramente bem mais volumosas como a do Instituto de Oncologia ou a do endividamento ilícito da Madeira), mas, sabido que a cabeça de lista do PSD às regionais de Outubro recebe do erário público um rendimento fixo mensal para presidir à Câmara Municipal de Ponta Delgada e, em lugar disso, anda a fazer campanha eleitoral pelo seu partido, por essas ilhas fora, Duarte Freitas por sua parte, em questões de ética e de moral (ou da falta delas), teria ganho mais se se contivesse nas palavras…
E já agora, em tempo de pré-campanha, é mister acreditar que a ignóbil janela de 6 horas, administrativamente centralizada, imposta à RTP/Açores por Passos Coelho/Miguel Relvas, nunca venha durante este período a ser instrumentalizada como eventual suporte para qualquer batota eleitoral menos plural e mais favorável aos partidos coligados no governo da república...
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 22 de junho de 2012
Se um país, a Grécia, vai a votos e, sobre as escolhas com que se confronta o seu eleitorado, altos representantes institucionais de outros países, a começar pela Alemanha, se pronunciam publicamente em catadupa a favor de uma delas e contra as outras, utilizando mesmo como linguagem de suporte a chantagem e o catastrofismo, então essas escolhas deixam de ser livres e soberanas. Assim não vale, isto é batota! Mas se mesmo assim, como aconteceu, a maioria do eleitorado se pronuncia contra ou com fortes reservas ao programa da troika para esse país, provocando aos seus principais promotores (o PASOK e a Nova Democracia) fortes quebras eleitorais, e apesar de tudo estes poderão ainda formar governo, porque um deles tem, num total de 300, direito a 50 deputados de bónus, então é batota sobre batota. O resultado final fica-se por um refinado embuste: Vitória alemã nas eleições gregas…! Já quanto às eleições em França, que decorreram no mesmo dia, ninguém deu por qualquer ingerência ou pressão externa exercida sobre o seu eleitorado. Porque será?
Nos Açores, o Tribunal de Contas denuncia a já anteriormente denunciada batota da viagem de Luísa César ao Canadá em 2010 e a batota da declaração de residência de um Secretário Regional. Na mesma ocasião e a despropósito, já que o juízo estava feito e publicamente difundido, a RTP 1 decidiu instar o PSD/Açores a emitir o seu próprio juízo sobre o assunto e Duarte Freitas, embarcando embevecido no favorecimento ao seu partido, em tempo de pré-campanha para as eleições regionais, por parte de um canal público nacional de televisão, considerou tais comportamentos como exemplos de falta de moral e ética políticas. Ora isto, por parte da RTP 1, já cheira a batota e a falta de ética jornalística (quanto mais não seja, por ignorar outros partidos concorrentes e por colocar aquela denúncia como primeira notícia, à frente de denúncias simultâneas do Tribunal de Contas financeiramente bem mais volumosas como a do Instituto de Oncologia ou a do endividamento ilícito da Madeira), mas, sabido que a cabeça de lista do PSD às regionais de Outubro recebe do erário público um rendimento fixo mensal para presidir à Câmara Municipal de Ponta Delgada e, em lugar disso, anda a fazer campanha eleitoral pelo seu partido, por essas ilhas fora, Duarte Freitas por sua parte, em questões de ética e de moral (ou da falta delas), teria ganho mais se se contivesse nas palavras…
E já agora, em tempo de pré-campanha, é mister acreditar que a ignóbil janela de 6 horas, administrativamente centralizada, imposta à RTP/Açores por Passos Coelho/Miguel Relvas, nunca venha durante este período a ser instrumentalizada como eventual suporte para qualquer batota eleitoral menos plural e mais favorável aos partidos coligados no governo da república...
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 22 de junho de 2012