O jornal “Incentivo” do passado dia 17/8 informa que o 3º candidato do PSD à Assembleia Regional, pelo círculo do Faial, será o Comandante da Polícia da Horta, Comissário Carlos Ferreira.
Se esta noticia se vier a confirmar, estaremos perante uma situação que revela uma espantosa falta de bom senso da parte do PSD/Açores e de uma errada avaliação da nossa vida social e política da parte do Comandante.
A importância da PSP na vida das nossas comunidades é tão grande que qualquer perca de confiança nos seus elementos, especialmente em quem comanda, é potencialmente grave. Não está em causa o direito de participação política do cidadão Carlos Ferreira, mas não pode ser posto em causa o dever de isenção e independência que o cargo que exerce exige. Acontece que o modo como a vida política se processa na Região, com a profunda partidarização que, quer o PS, quer o PSD, praticam, a isenção e a independência que se exigem a um Comandante de Polícia ficam, com a candidatura, profundamente comprometidas, mesmo que esse cidadão tenha a firme intenção de continuar a agir de forma correcta no posterior exercício das suas funções de comando.
Mais grave do que a eventual decisão do Comandante Ferreira em aceitar a candidatura, será a decisão do PSD do Faial, certamente com a concordância de Berta Cabral, de convidar o Comandante da Divisão da Horta da PSP para integrar a lista. Toda a prática política anterior do PSD/A, quer no poder, quer na oposição, revela uma vontade de domínio abrangente, que não exclui as forças de segurança. Para o PSD/A, a valorização dessa imagem de domínio corresponde, de forma directa, com a desvalorização constante das práticas democráticas que, historicamente, marcam a acção dessa formação partidária.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 22 de agosto de 2012