O governo foi, em princípio, forçado a recuar em relação ao aumento da TSU, em 7%, para quem trabalha, como forma de repor o abaixamento de 5,3% para os empresários.
A enorme contestação que se gerou forçou esse recuo. A resposta pronta e enérgica de largos sectores da nossa sociedade obrigou a que a iniquidade constante da medida inviabilizasse, na prática, a sua aplicação.
Considero muito importante que o governo tivesse sido forçado a recuar neste ponto, porque o episódio demonstra que a luta, em unidade, é o único caminho para abrir portas, derrubar domínios absurdos, resolver os problemas, construir alternativas e salvar o País. Acontece, porém, que o governo não foi derrubado!
Esta austeridade destinada, não a resolver os problemas financeiros do País, mas sim a modificar estruturalmente e em profundidade a organização da nossa sociedade, liquidando direitos e conquistas, roubando descontos feitos toda a vida, destruindo serviços públicos essenciais, sufocando até á destruição uma boa parte das pequenas e médias empresas, é o martelo que o governo vai querer continuar a usar. Este indecoroso governo, que nesta fase quer reduzir drasticamente os salários, não conseguindo essa redução de 7% por via da TSU, vai procurar atingir esse objectivo por outras vias. Aos portugueses só resta a luta que é de resistência, mas que tem que incluir, forçosamente, a exigência de outras políticas, centradas na expansão da economia, no combate ao desemprego, na erradicação da especulação financeira, na justa distribuição dos sacrifícios que sejam necessários à resolução dos problemas existentes e no abandono do memorando da troika.
No próximo dia 29 de Setembro haverá uma grande Manifestação Nacional que será muito importante, quer para reforçar a luta, quer para limitar a possibilidade de manobras desfavoráveis ao Povo e ao País.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 24 de setembro de 2012