Hoje, sensivelmente 15 dias depois do último artigo que aqui publiquei, o ambiente político e a situação política objectiva do País têm significativas alterações.
A grande maioria da sociedade opôs-se ao corte geral de 7% de salários, associado ao desagravamento da TSU para as empresas e muitas centenas de milhares de pessoas vieram para as ruas em grandes manifestações. Multiplicaram-se, por todos os dias e por todo o País, as acções de protesto e de reivindicação.
As divisões penetraram no PSD, maior partido do governo, notando-se que muitas das mais destacadas figuras ditas “liberais” se vieram opor às decisões brutais dos neoliberais que hoje dominam esse partido. A coligação PSD – CDS/PP, no governo, mostrou as suas fragilidades, contradições e ausência de coesão, de forma muito clara. O Conselho de Estado fez uma muito longa reunião, da qual se soube que o governo informou que iria recuar nas medidas referentes à TSU.
Nestes últimos 15 dias, perante o desastre das novas medidas anunciadas, associado à total ausência de efeito das já aplicadas antes, aquilo que é marcante e duradouro é a lucidez das posições populares de rejeição da austeridade sempre e só dirigida para quem vive de rendimentos do trabalho, por conta de outrem, ou por conta própria, de pensões e reformas ou de actividades empresariais de muito pequena, pequena ou média dimensão.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 30 de setembro de 2012