A Corrupção

jose_decq_motta.jpgNas comemorações dos 96 anos da implantação da República o Presidente da República, Cavaco Silva, escolheu um tema para tratar no discurso oficial – o combate à corrupção. Já o Dr. Jorge Sampaio, enquanto Presidente, escolhia essa data para referir ou tratar esse tema, com maior ou menor expressão, conforme os casos envolventes.

É positivo que os Presidentes – responsáveis máximos da República – tenham a preocupação de referir com clareza esse tema, mas essa preocupação é insuficiente. A verdade é que a corrupção, como expressão última de jogos de interesses, é uma realidade no nosso País. A verdade é que os já muitos casos que vieram a público, que tiveram processos e que foram mediatizados em profundidade, são um claro indício de que essas práticas podem ser mais bem numerosas do que se pensa. Todos falamos da inoperatividade do nosso sistema de justiça. Se essa inoperatividade leva a que muitos casos que são conhecidos nunca tenham o desfecho em termos de condenação ou absolvição, é legítimo supor-se que essa mesma inoperatividade motiva o facto de muitos casos não serem sequer descobertos. A corrupção pode ser considerada como uma espécie de cancro do regime democrático. Para além de motivar uma auto compensação de quem determina situações ilegais, de favor, de compadrio, o que por si só é revoltante, a corrupção faz com que a generalidade dos cidadãos tenda a desacreditar nas instituições democráticas.

José Decq Motta em Crónicas D’Aquém no Açoriano Oriental