Neste rápido fluir do tempo, lá passámos, ontem, as eleições para a Assembleia Legislativa Regional. O resultado verificado confirma a convicção daqueles que afirmavam ser impossível o PSD e o CDS ganharem estas eleições. Por outro lado, este resultado não confirma a possibilidade, que eu próprio defendi com energia, de ser esboçada uma tendência de diversificação do voto, com reforço das forças que lutam por uma alternativa à política que está a matar o País e a Autonomia.
Os açorianos disseram, de forma clara, que não queriam o PSD a governar, nem queriam o CDS, especialista em disfarçar as suas terríveis responsabilidades, a ter um papel decisório.
Os açorianos, contrariando as sondagens das últimas semanas, não quiseram reforçar, nem o BE, nem a CDU, tendo mesmo retirado um deputado ao primeiro destes partidos. Evitou-se o desastre que seria a entrega do poder regional à direita, mas não se abriram novos caminhos que dessem mais força política à defesa da democracia, da justiça social, dos Açores e da Autonomia. Foram muitos os açorianos que, com medo de uma vitória do PSD, que era de todo improvável, preferiram esquecer as altíssimas responsabilidades do PS na situação actual, preferiram “esquecer” os abusos cometidos pelo PS na governação regional e lá foram votar de forma a dar a maioria absoluta a quem a não merecia.
Votaram mais 17000 pessoas do que em 2008, os votos brancos dobraram, os partidos representados são os mesmos. Perdeu-se uma oportunidade de iniciar uma alteração na relação de forças, sem a qual o agravamento da situação actual é mais do que previsível.
O PS ganhou, como toda a gente sabia que ganharia. O PS reforçou ao sua maioria absoluta, porque foi mantendo acesa a chama “de que havia a possibilidade do PSD ganhar” e com isso retirou votos à CDU e um mandato ao BE.
Atrás do tempo, tempo vem!
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 15 de outubro de 2012