E o Presidente?

jos_decq_mota_webO Presidente da Republica, Professor Cavaco Silva, tem desenvolvido o seu segundo mandato de um modo que está muito próximo de ter que ser classificado como caricato.

O País está como está e o Presidente remete-se, cada vez mais, a um silêncio tumular que não tem, nem explicação, nem defesa possível. Para mim a situação é muito clara: ou o Presidente está de acordo com a política do Governo e então devia dize-lo com clareza; ou o Presidente não está de acordo e devia agir de modo a que esta política tivesse um fim efectivo.

O Presidente Cavaco Silva tem preferido uma actuação muito obscura, permitindo com a sua assinatura todas as medidas que estão a destruir o País e a fazer crescer de forma galopante o desemprego e a pobreza, mas procurando, com lacónicas declarações ou com pequenos escritos no facebook, criar a imagem que “está muito preocupado e atento”. A criação dessa imagem destina-se a alimentar, em faixas da população, a ideia de que “o Presidente é uma reserva, que actuará se for necessário”. Não nos iludamos nem nos deixemos iludir: a situação é de tal modo grave que quanto mais tarde se atalhar os desmandos que um poder já ilegítimo, porque negou todos os seus compromissos eleitorais, está a fazer, mais difícil será recuperar e reconstruir a economia, o funcionamento normal da democracia e o equilíbrio social.

O Presidente Cavaco Silva, que usou o 5 de Outubro, de forma caricata, para falar de educação como se não houvesse uma muito viva crise política no País, tem agora o seu último momento político autêntico: se viabilizar como está a proposta de Orçamento para 2013, transforma-se, sem apelo, nem disfarce, no chefe efectivo desta política de destruição; se agir, no quadro das suas competências, para que este orçamento seja inviabilizado, confirma-se como verdadeiro Presidente da Republica, porque só assim estará a defender o País, como lhe compete.

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 30 de outubro de 2012