O Dr. Mota Amaral, actual Deputado na Assembleia da Republica e antigo Presidente do Governo Regional dos Açores e da Assembleia da Republica, publicou a 4/1/2013, no “Correio dos Açores”, um artigo que tem sido, pelo seu conteúdo, notícia.
Trata-se de um artigo em que Mota Amaral condena a política do governo de Passos Coelho, enfatiza a resultante catastrófica dessa política, afirma que nada disso terá o efeito proclamado e se coloca numa posição de defensor do memorando da troica que condena tudo o que vá além disso.
Trata-se, sem dúvida, de um artigo com importância política. Essa importância resulta do facto daquele texto demonstrar, desde logo, que na direita portuguesa não há uma visão neoliberal uniforme. Acresce que este artigo surge num momento em que começa a ficar claro que o governo de Passos, Portas e Gaspar, está muito mais perto de ter “que entrar pelo cano” do que há pouco parecia, o que pode querer dizer que há personalidades dessa direita que se estarão a preparar para tentar segurar as rédeas do poder.
Este artigo não consegue, no entanto, esconder ou fazer esquecer uma questão absolutamente central, que não pode ser escamoteada. Mota Amaral é Deputado do PSD e tem votado favoravelmente todas as medidas que estão a provocar a catástrofe que ele próprio denuncia!
Não se pode querer ser, ao mesmo tempo, apoiante do poder e oposição, agressor e vitima, “diabo” e “anjo”. Mota Amaral e outros Deputados da maioria que dizem pensar como ele, são, enquanto votantes dos Orçamentos e de dezenas de leis agressivas, autores e responsáveis da política de destruição do País que está a ser feita.
Mota Amaral e alguns outros, se persistirem com esta duplicidade, se continuarem a votar favoravelmente todas as barbaridades que o governo propõe, terão que ser classificados como simples oportunistas e não como interventores que querem orientações com diferenças.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 11 de janeiro de 2013