O bando, a farsa e o perigo

jos_decq_mota_webArrancou na passada semana a tentativa de destruir por completo a organização do Estado Português, tal como está na Constituição e de instituir uma organização social que crie ainda mais desigualdade, maior concentração de riqueza, liquidação total da soberania e descaracterização completa da democracia.

Tudo isto tem sido preparado minuciosamente por um bando que está no poder, a mando do grande capital financeiro. Chamo bando ao governo e à maioria parlamentar que o apoia, porque foi nisso que eles se transformaram, a partir do momento em que, em vez de defenderem os interesses de Portugal e dos Portugueses, optaram por agravar todas as imposições internacionais injustas e adoptaram como seus os objectivos abjectos dos poderes invisíveis e dos “estadistas” europeus que dão rosto a esse novo extremismo que dá pelo nome de neoliberalismo.

Este bando, sem respeito por ninguém, tem desenvolvido uma espécie de farsa, que procura enganar quem dá vida real ao País, quem é parte activa da economia produtiva, quem assegura o futuro, quem vive de uma reforma suada toda uma vida. Modelam as palavras (retirar “as gorduras” ao estado – “reformar” o estado – “refundar” o estado); criam artifícios e escondem realidades; falseiam dados comparativos; sugam os recursos de todas as camadas normais da sociedade; protegem despudoradamente os interesses da minoria muito rica; querem destruir tudo o que ainda é definidor e próprio de um país independente.

A farsa em desenvolvimento é, no entanto, muito perigosa, pois está a ser executada por fanáticos, num quadro geral de enfraquecimento enorme da democracia política, substituída por imposições externas caucionadas por uma União Europeia dirigida por dominadores.

Neutralizar e destruir esse perigo é a verdadeira alternativa que, nós portugueses, temos!

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 13 de Janeiro de 2013