Duas questões por e para esclarecer

anibal_pires.jpgQue razões, de interesse público regional, justificam a proposta do governo que possibilita a contratação de aposentados para a administração pública da Região?
Que razões, de interesse público regional, justificam a atribuição de apoios a um clube regional (e não a todos os que militam nos campeonatos nacionais) pela Secretaria Regional da Agricultura e Florestas para a divulgação dos produtos agrícolas da região no exterior? Ao tomar conhecimento destas duas iniciativas do governo de Carlos César e depois de ler as justificações ou, melhor dizendo, a ausência de fundamentações plausíveis por parte, no primeiro caso do vice-presidente do governo e, no segundo do titular da pasta da agricultura e pescas do governo regional, ao tomar conhecimento, como dizia, destes dois factos o meu primeiro juízo foi: - “Anda aqui gato escondido com o rabo de fora.” E, de facto, assim parece! Senão vejamos:
 
1. A região mesmo tendo a taxa de desemprego mais baixa do país (Embora isto possa ser questionável pois, quando cruzamos os dados população activa com os dados da população em idade activa, facilmente verificamos que faltam alguns milhares de cidadãos na população activa. E o valor encontrado é bem superior ao número de cidadãos a que corresponde à taxa de desemprego. Bem! Isto fica para uma outra oportunidade. Os Açores, como sabemos, não tem pleno emprego. E o desemprego, na região, afecta não só trabalhadores indiferenciados mas também, e cada vez mais, trabalhadores com qualificações académicas e profissionais.
 
2. Os clubes desportivos regionais têm, como é do domínio público, dificuldades financeiras que, na generalidade, resultam de opções dos dirigentes fundadas em expectativas, depois defraudadas por ausência de uma política desportiva integrada e sustentada e, promessas de conjuntura, uma cumpridas outras nem por isso. Assim, e relativamente à primeira questão havendo, o oficial ou o real, desemprego na região e contando-se de entre os desempregados com muitos cidadãos habilitados com formação académica superior nada justifica a medida de recurso a cidadãos aposentados para ocuparem lugares na administração regional. Bem! Nada, ao meu olhar, justifica esta medida. A não ser, a injustificável, satisfação do clientelismo político que, aparentemente lhe está associado e que a verificar-se será mais um episódio com que a história caracterizará a ditadura da maioria absoluta de Carlos César. A atribuição de subsídios, disfarçados ou não de contratos publicitários, pela Secretaria Regional da Agricultura e Florestas assume, igualmente, contornos pouco claros. Porquê aquele clube e não outro? Os “Antigos Alunos”, os “Marienses”, os “Arrifes”, o “Angra Basket”, o “Praiense”, o “Santa Clara”, o “Operário”, a “Fonte Bastardo”, etc., etc.. Porque não!? Sim! Porque não.
 
A tesouraria, sem querer estar a “meter o nariz onde não sou chamado”, de qualquer destes clubes ficaria eternamente grata por ser eleita por este gesto sem precedentes da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas. Também aqui nada, ao meu olhar, justifica tamanha discricionariedade do governo regional. Ops!! Ocorreu-me agora. E o Manuel António!?. Sim o Manuel António aquele cidadão que foi deputado, presidente da associação agrícola e presidente do “Operário”. Será que ele tem alguma coisa a dizer sobre isto!? Será!? Não! Talvez não! Talvez seja a estratégia que justifique a atribuição de igual, ou superior subsídio ao “necessitado” Santa Clara. E os outros, menos ou mais, “necessitados” irão ser bafejados por esta “bondosa” medida do governo regional. Será!?
 
Aníbal Pires, IN "A UNIÃO", 31 de Outubro de 2006