Conteúdo político do Congresso do PS/Açores

jos_decq_mota_webAssisti à sessão de encerramento do Congresso do PS/Açores, na qualidade de convidado em representação do PCP/Açores. Segui atentamente as intervenções e as notas que se seguem são fruto de alguma reflexão que fiz sobre o que ouvi.

A intervenção do Secretário-geral do PS, António José Seguro, foi, notoriamente, uma longa intervenção longamente preparada! Seguro quis aparecer como líder de um partido que afirma ter propostas, que está pronto a governar, que afirma ter sensibilidade social e que se demarca, por completo, de responsabilidades na situação actual. Ignorou a visível contestação interna e falou como líder do presente, do futuro imediato e do futuro mais longínquo. Distribuiu saudações para todos os lados e procurou mostrar segurança. Foi uma intervenção feita “em cima da sombra” de António Costa, que nunca foi falado, mas que nenhum dos participantes esqueceu que tinha estado naquela mesma tribuna dois dias antes!

A intervenção de Vasco Cordeiro, Presidente do PS/Açores e do Governo Regional, foi, notoriamente, uma intervenção pensada para ser afirmativa na postura, para ter conteúdo político específico relevante, para tentar estabelecer diferenças com o adversário de maior dimensão e para afirmar, para além disso, vontade que exista diálogo político e social na Região.

Devo dizer que me pareceu ter sido esta a intervenção mais afirmativa que ouvi a Vasco Cordeiro, desde que é Presidente do Governo Regional. Deteve-se sobre vários problemas sérios, com destaque para o Serviço Regional de Saúde. Não recorreu a facilitismos e a retórica demagógica e apelou à formação de “consensos açorianos”.

O futuro dirá se o actual Presidente do PS e do Governo estará disposto a dar passos sérios e alargados em defesa das nossas especificidades ou se continuará a confundir a sua maioria absoluta com a realidade regional.

 

Artigo de opinião de José Decq Mota publicado em 28 de janeiro de 2013