É preciso romper com este ciclo infernal

mario_abrantes“Qual o risco para os credores (da dívida portuguesa) quando o Primeiro-ministro demonstra não hesitar tirar o pão da boca dos portugueses para cumprir com os empréstimos! Assim é fácil, o que não é fácil é o sofrimento dos portugueses”, palavras sábias do economista Célio Teves.

4.000 milhões de euros que o governo, através dos cofres do Estado, faz chegar este ano aos herdeiros da fraude do BPN (Galilei, a sucessora da SLN), ao mesmo tempo que anuncia para o ano seguinte um corte de 4.000 milhões nas despesas com os serviços do Estado. É preciso explicar mais alguma coisa sobre o significado e o sentido de quem está governando este país? Sobre o destino que está a ser dado à distribuição da riqueza, por todos criada, da parte de quem se encontra neste momento a administrar os cofres do Estado?

Com um ano de 2013 a sobrecarregar tremendamente os impostos, após a recessão de 2011 e dois anos de sacrifícios de austeridade e perda de rendimento decretados sobre os trabalhadores, os pensionistas, os mais débeis e as famílias em geral, 2012 registou, segundo o INE, uma recessão superior (3,2) às previsões do governo, sendo no quarto trimestre a segunda maior da história, e uma taxa desemprego muito superior (16,9%) às mesmas previsões. Um governo que além de mentir descaradamente, de insultar os portugueses afirmando sem peias que está a “esticar a corda” até ao máximo, cada vez mais bem merece o epíteto de governo de traição nacional (apesar do vaiado Miguel Relvas afirmar que o desemprego jovem lhe tira o sono…). Para o povo é o sofrimento e empobrecimento geral com continuidade garantida...

Nos Açores o governo pretende travar o desemprego com as suas medidas para a competitividade e a criação de emprego. Por mais bem-intencionadas que sejam muitas delas, este programa peca pela ausência de outras diretamente dirigidas à compensação da perda de rendimentos dos trabalhadores e das famílias, e sofre de um erro de raiz, que é reger-se pelo princípio de que o “empreendedorismo é a melhor forma de gerar emprego”. Empreendedorismo implica criação de empresas e oferta de produtos ou serviços, os quais obviamente necessitam de potenciais compradores. Com o empobrecimento geral onde estão eles? Quantas serão as empresas sobreviventes ou quantas outras terão de fechar para que as novas vinguem?

É previsível portanto que o nível de adesões ao programa seja fraco. Quando muito poder-se-á, à custa do orçamento regional, ajudar a manter de forma precária alguns postos de trabalho, criar pequenas empresas viradas para nichos de mercado externo, ou permitir-se-á criar empresas viradas para o assistencialismo ao empobrecimento e ao desemprego crescentes, que irão suprir o défice de serviço público também crescente na área social, mas que, por paradoxal que pareça, terão de ser subsidiadas pelo orçamento regional para cumprir essas funções substitutivas do serviço público.

É uma pescadinha de rabo na boca: a Região é desorçamentada através duma nova lei de finanças que o governo central lhe pretende impor, mas só poderá suportar minimamente a recessão através do investimento público!

Um ciclo infernal estendido aos Açores onde apenas sobrevivem e lucram aqueles que, como a Açoriana de Seguros do BANIF (dez milhões em 2012), ao invés de gerarem emprego com tais lucros, não cessam de despedir pessoal e deixar cair na falência centenas de pequenas e médias empresas…

Eleições, novo governo, renegociação da dívida e outra política. Cada vez mais as saídas que se impõem…enquanto o Grândola Vila Morena se começa a ouvir todos os dias e até já chegou a Madrid!

 

Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 22 de fevereiro de 2013

É PRECISO ROMPER ESTE CICLO INFERNAL
“Qual o risco para os credores (da dívida portuguesa) quando o Primeiro-ministro demonstra não hesitar tirar o pão da boca dos portugueses para cumprir com os empréstimos! Assim é fácil, o que não é fácil é o sofrimento dos portugueses”, palavras sábias do economista Célio Teves.
4.000 milhões de euros que o governo, através dos cofres do Estado, faz chegar este ano aos herdeiros da fraude do BPN (Galilei, a sucessora da SLN), ao mesmo tempo que anuncia para o ano seguinte um corte de 4.000 milhões nas despesas com os serviços do Estado. É preciso explicar mais alguma coisa sobre o significado e o sentido de quem está governando este país? Sobre o destino que está a ser dado à distribuição da riqueza, por todos criada, da parte de quem se encontra neste momento a administrar os cofres do Estado?
Com um ano de 2013 a sobrecarregar tremendamente os impostos, após a recessão de 2011 e dois anos de sacrifícios de austeridade e perda de rendimento decretados sobre os trabalhadores, os pensionistas, os mais débeis e as famílias em geral, 2012 registou, segundo o INE, uma recessão superior (3,2) às previsões do governo, sendo no quarto trimestre a segunda maior da história, e uma taxa desemprego muito superior (16,9%) às mesmas previsões. Um governo que além de mentir descaradamente, de insultar os portugueses afirmando sem peias que está a “esticar a corda” até ao máximo, cada vez mais bem merece o epíteto de governo de traição nacional (apesar do vaiado Miguel Relvas afirmar que o desemprego jovem lhe tira o sono…). Para o povo é o sofrimento e empobrecimento geral com continuidade garantida...
Nos Açores o governo pretende travar o desemprego com as suas medidas para a competitividade e a criação de emprego. Por mais bem-intencionadas que sejam muitas delas, este programa peca pela ausência de outras diretamente dirigidas à compensação da perda de rendimentos dos trabalhadores e das famílias, e sofre de um erro de raiz, que é reger-se pelo princípio de que o “empreendedorismo é a melhor forma de gerar emprego”. Empreendedorismo implica criação de empresas e oferta de produtos ou serviços, os quais obviamente necessitam de potenciais compradores. Com o empobrecimento geral onde estão eles? Quantas serão as empresas sobreviventes ou quantas outras terão de fechar para que as novas vinguem?
É previsível portanto que o nível de adesões ao programa seja fraco. Quando muito poder-se-á, à custa do orçamento regional, ajudar a manter de forma precária alguns postos de trabalho, criar pequenas empresas viradas para nichos de mercado externo, ou permitir-se-á criar empresas viradas para o assistencialismo ao empobrecimento e ao desemprego crescentes, que irão suprir o défice de serviço público também crescente na área social, mas que, por paradoxal que pareça, terão de ser subsidiadas pelo orçamento regional para cumprir essas funções substitutivas do serviço público.
É uma pescadinha de rabo na boca: a Região é desorçamentada através duma nova lei de finanças que o governo central lhe pretende impor, mas só poderá suportar minimamente a recessão através do investimento público!
Um ciclo infernal estendido aos Açores onde apenas sobrevivem e lucram aqueles que, como a Açoriana de Seguros do BANIF (dez milhões em 2012), ao invés de gerarem emprego com tais lucros, não cessam de despedir pessoal e deixar cair na falência centenas de pequenas e médias empresas…
Eleições, novo governo, renegociação da dívida e outra política. Cada vez mais as saídas que se impõem…enquanto o Grândola Vila Morena se começa a ouvir todos os dias e até já chegou a Madrid!

Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 22 de fevereiro de 2013