Travar a desgraça

jos_decq_mota_webNa passada 6ª feira o Ministro das Finanças, com aquele tom demasiado arrastado e crescentemente sinistro, dizendo que estava a divulgar o resultado do “sétimo exame regular” da troica, veio anunciar uma espécie de prolongamento “eterno” da austeridade, o agravamento brutal do desemprego e o desmantelamento de muitas funções do Estado.

O Ministro gabou-se da “grande credibilidade externa” do governo português, situação que não me admira na medida em que este governo, traindo e esmagando os interesses do País, está exactamente a fazer aquilo que corresponde ao interesse desses que o “credibilizam”. Reforçar e tornar absoluto o poder do grande capital financeiro internacional é a missão de Passos, Gaspar, Portas, Moedas, Borges e uns quantos mais, todos eles vendidos ao grande capital financeiro.

O Ministro anunciou despedimentos em massa na função pública, o que quer dizer que muitas das funções do Estado serão reduzidas ou anuladas. Fez esse anúncio com cinismo e falta de rigor, porque afirmou que o Estado só pode ter as funções que correspondam aos “impostos que os portugueses queiram pagar”. Escondeu que boa parte dos recursos do Estado são, há muitos anos, usados para apoiar e reforçar o grande capital, como bem demonstram as parcerias público - privadas ou o BPN, em vez de serem bem aplicados na saúde, na educação e outros sectores. Escondeu que esta razia na função pública se destina a destruir todos os direitos sociais universais adquiridos e a transformar esses sectores em áreas de negócio, que facilitarão a acumulação de capital, que anularão a natureza geral e universal desses serviços e que agravarão enormemente as assimetrias sociais.

Para Gaspar e compainha, nem as pessoas, nem o País contam. Só conta a acumulação e o domínio de tudo pelo capital.

Temos que travar, sem medos inadequados, estes loucos e esta desgraça anunciada!

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 20 de março de 2013