O dogma de hoje

jos_decq_mota_webPenso na História e vejo inúmeros momentos de transformação. Não é difícil imaginar que em todos esses momentos havia gente que dizia: “Não há nem alternativa, nem escolha, tem que ser como está”.Fui criado na vigência de um dogma: “Sem colónias Portugal não tem capacidade de existir”. Havia outro mil vezes repetido: “Os Portugueses não estão preparados para a Democracia”.

A vida demonstrou que estes dogmas “caseiros” eram completamente ocos, do mesmo modo que a História demonstra que há sempre alternativa e que há sempre um melhor e mais justo caminho para aqueles que têm como objectivo defender valores dignos e contribuir para uma evolução da Humanidade no sentido da Democracia e da justiça Social.

Vem esta pequena reflexão a propósito do discurso de 3 de Maio do primeiro-ministro. Foi um discurso recheado de medidas muito negativas, anunciadas pela metade e servidas numa torrente de palavras enganadoras. O que se tira daquela conversa de “charlatão fino” é que este grupo de cidadãos que ocupa o poder em Portugal entende que a destruição que promoveu não está completa e que tem de prosseguir, espoliando os reformados, destruindo a administração e os serviços públicos, empobrecendo vastas camadas da população, concentrado a riqueza numa estreita faixa de vendidos sem valores. Esta destruição tem como “suporte teórico” um dogma: “Não há nem alternativa, nem escolha, tem que se fazer como está a ser feito”.

Em consequência desta política o caos está instalado, o País está empobrecido e debilitado e a destruição prossegue!

É difícil, neste quadro, expressar uma palavra de esperança, mas é indispensável dizer que se não reagimos, lutando e derrotando o dogma de hoje, ficamos todos, perante a História, a ser cúmplices da desgraça.

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 8 de Maio de 2013