No interesse de todos

mario_abrantesPorque não ficaram à espera que outros se mexessem. Porque foram à luta unidos e em massa e aderiram à greve unidos e em massa, os professores conseguiram derrotar em boa parte as medidas políticas ignominiosas que o governo central lhes quis impor. Esta é a grande lição. Só quem vai à luta pode vencer. E os professores, além de conseguirem defender em boa parte os seus interesses específicos com a sua luta, conseguiram também defender os interesses mais gerais da escola pública e da importância basilar desta para o país.
Hoje a luta é geral. A Greve Geral é no interesse de todos porque é contra uma política geral de um desastroso governo que tem vindo a impor sacrifícios ao longo de dois anos, sem fim à vista e que de nada têm valido, criando apenas mais exploração, mais desemprego, menos serviços públicos condignos e mais caros, o empobrecimento generalizado da população e uma dívida pública afinal cada vez maior, tornando-se impagável, em simultâneo com um défice que não desce.
A luta é geral porque este governo é contra o povo em geral, humilhando-o a cada hora que passa, em particular os idosos, pensionistas e reformados, agravando as suas condições de vida, as injustiças e as desigualdades, ao mesmo tempo que hipoteca cada vez mais a soberania.
A luta é geral nos Açores, porque, em primeiro lugar, é todo o seu povo e a sua Autonomia que estão a ser agredidos por um centralismo cego, galopante e prepotente.
A luta é dos trabalhadores do sector privado porque é contra uma política que reforça o poder dos patrões, pretende acabar com a contratação colectiva, favorece o abaixamento dos salários, os despedimentos, o trabalho precário e o trabalho não pago, empurrando as novas gerações para a incerteza, o desemprego e a emigração.
A luta é dos trabalhadores das administrações públicas (nacional, regional e autárquica), porque está na mira do governo, que se esqueceu das “gorduras” do Estado e menospreza a função e os serviços públicos, o maior despedimento coletivo de sempre no sector, a redução das pensões e um aumento gratuito do horário de trabalho que irá fazer, baixar ainda mais os salários, somar desemprego, e diminuir e privatizar serviços.
O presente, as novas gerações e a esperança estão coartados e comprometidos com as políticas atualmente impostas ao país pelo governo central, as quais têm usufruído, até à data, da cumplicidade estreita do Presidente da República.
Perante este quadro, a nossa passividade ou resignação podem tornar-se cúmplices de um futuro sem futuro.
A Greve Geral enquadra-se na direcção justa e legítima de auto-defesa dos trabalhadores e do povo contra estas políticas, contra este governo e por uma alternativa com futuro.
Defende-te, participando.

 

Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 27 de junho de 2013