Essa longa série de artigos muito ligados à realidade deram lugar a um volume editado pela Editora Sousa e Spaniks sob o título “A Pensar no Faial” e que foi publicado em Dezembro de 2000. O último artigo dessa série recebeu o título de “Confiança no Futuro” e nele lembrava o objectivo da série de artigos nomeadamente os de “ajudar a alimentar alguma reflexão sobre as realidades da nossa ilha, o de dar a conhecer pontos de vista sobre o presente e o futuro do Faial, o de prestar contas públicas sobre o exercício do cargo de Vereador na Câmara Municipal da Horta e o de contribuir para o debate alargado de problemas”. Nesse mesmo artigo, datado de 4 de Agosto de 2000, dizia que “os problemas do Faial são muitos e são difíceis. Penso convictamente, que apesar das más vontades, das más políticas e das más intenções que tem marcado o comportamento do Poder Regional em relação ao Faial, saberemos encontrar força capaz de sustentar o desenvolvimento da nossa Ilha”. Nesse dia e nesse escrito manifestei a minha confiança no futuro e manifestei a minha profunda vontade em combater sempre pela construção de um futuro melhor para o Faial e para os Açores. Sem pretender ser juiz em causa própria, tenho a convicção que aquela longa série de artigos publicados no “Telégrafo” entre 12 de Novembro de 99 e 4 de Agosto de 2000 foi um contributo concreto à evolução da situação faialense.
Acho aliás que tudo o que seja dito com convicção e esteja ligado ao interesse colectivo e não a qualquer visão individualista da realidade, é sempre um contributo positivo ao debate que é necessário e útil manter. Procurarei, neste e nos próximos artigos quinzenais que mantenho no m”Tribuna” desde a sua fundação, trazer a minha opinião sobre a evolução da nossa Ilha e sobre as perspectiva que são possíveis e que defendo. Queria entretanto neste primeiro artigo assegurar que penso, com toda a sinceridade, que a nossa sociedade não é uma “sociedade morta”, “inactiva” ou “conformada”. Pelo contrário os faialenses souberam, no grau que entenderam, reagir contra os evidentes menosprezos regionais, ou mesmo locais, que se evidenciaram ao longo dos anos. Não é por acaso que a situação política local evoluiu a partir de 97 da forma que evoluiu e não é por acaso que, é certo que com atraso, se está a iniciar hoje uma recuperação visível no investimento regional que andou por demais ausente. Não defendo também “que no passado é que era bom”. Se é verdade e é, que hoje tenho saudades do meu tempo de jovem da Horta dos anos sessenta, que sinto a falta de muitos amigos e familiares desaparecidos ou ausentes, também é bem verdade que não sinto, em absolutamente nada, falta da ausência de liberdade que tínhamos, do isolamento em que estávamos e do imobilismo em que vivíamos. Tinha e tenho confiança no futuro, porque sei que o futuro será o que todos nós, juntos, formos capazes de construir.
2. Procurarei nos próximos artigos abordar perspectivas, propostas, compromissos, deficiências, pontos fortes e pontos fracos, comportamentos correctos, insuficiências, necessidades que tenham a ver com a nossa vivência colectiva e com o irrecusável objectivo de assegurar o desenvolvimento harmónico, justo, efectivo e equilibrado desta nossa Terra. Como sempre, expressarei as minhas opiniões sabendo que não sou, nem quero de nenhum modo ser, “dono da verdade absoluta”. Também como sempre expressarei as minhas opiniões sobre o Faial sem esquecer que esta é uma das 9 ilhas dos Açores e o nosso desenvolvimento tem que estar plenamente integrado no desenvolvimento do conjunto da Região.
3. Certamente que darei opinião sobre problemas sociais que persistem, sobre necessidades em infraestruturas básicas, sobre realidades e perspectivas económicas, sobre obras anunciadas, que são urgentes e não podem ser mais tempo atrasadas, sobre obras não anunciadas mas que são igualmente urgentes, sobre problemas e méritos do associativismo, sobre as necessidades de participação, sobre o papel dos meios de comunicação social, sobre o papel insubstituível dos agentes culturais, sobre o papel essencial, em tudo isto, dos cidadãos. Se as minhas opiniões suscitarem debates construtivos estou inteiramente disposto a eles. Estas opiniões postas em letra de forma, serão, como sempre aconteceu, aquelas que defendo nas instituições em que participo. Espero sinceramente que esta tentativa de análise viva dos nossos problemas e possibilidades possa, embora modestamente, resultar.
José Decq Motta no Tribuna das Ilhas em “O futuro do Faial (1)” a 16 02 2007