Artigo de opinião de José Decq Mota

Na passada 5ªfeira estava em Lisboa e casualmente encontrei o meu velho Amigo Zeca Medeiros. Fiquei a saber que no dia seguinte iria ser apresentado, na Barraca, o filme "O Livreiro de Santiago", que é o mais recente trabalho do Zeca e fiquei, também, com uma irreprimível vontade de corresponder ao muito amistoso convite para assistir a essa apresentação e ao concerto que se seguiu. Fiz quanto pude para poder estar e consegui estar!
" O Livreiro de Santiago" conta-nos a história de Carlos Jorge do Nascimento, cidadão do Corvo que, como tantos outros dessa e de outras ilhas, emigrou em navios baleeiros americanos.

Esse corvino emigrou em 1905, tendo estado em New Bedford, passando depois para S. Francisco, Califórnia, de onde saiu, por mar, rumo ao Chile, onde sabia existirem outros corvinos, incluindo um tio "maluco" que era livreiro e acabou por se radicar em Santiago. Passados anos e após a morte desse parente que o tinha ignorado, comprou aos outros herdeiros a totalidade da livraria Nascimento e dela fez uma prestigiada livraria e editora. Foi editor de Gabriela Mistral e Pablo Neruda, ambos Prémio Nobel.
É esta história que nos é contada num filme muito bem imaginado e muito bem servido por excelentes interpretações, por uma magnífica fotografia e por excelente musica e canções. O desenrolar da história, dá com sobriedade, dimensão geral a muitos aspectos da história dos Açores, da cultura que fomos construindo e das marcas que nos foram moldando. Neste filme, que corresponde a um momento muito alto da capacidade criativa múltipla de José Medeiros, participa uma vasta equipa que inclui actores consagrados, actores amadores prestigiados, actores em formação, técnicos competentes e colaboradores muito empenhados. Foi o trabalho e o esforço dessa vasta equipa que tornou possível a concretização deste projecto, muito embora os apoios fossem muito escassos.
Uma coisa é, para mim, certa: esta obra merece, pelo seu grande valor, ser vista por vastas audiências e isso tem que ser conseguido!

 

Horta, 1/3/2015

José Decq Mota