Artigo de opinião de José Decq Mota:
Incluo-me no lote daqueles que pensam que o cargo de Presidente da Republica Portuguesa é um cargo muito importante, quando exercido com rigor constitucional e com vontade de contribuir para a preservação efectiva da identidade e independência nacionais, do desenvolvimento do País e da efectiva e global defesa da democracia.
Também sou daqueles, e muitos são, que pensam que o actual Presidente, Professor Aníbal Cavaco Silva, se afastou de modo muito forte desse modelo e desse papel que a CRP define e preferiu assumir-se, de forma muito clara, como o suporte político da implantação brutal no nosso País da ideologia neoliberal, que contraria tudo o que a Constituição estabelece para o nosso País.
Assim sendo terei que ser dos que pensam que o futuro Presidente, a eleger no próximo ano, terá que ser basicamente um cidadão que não jure em falso “cumprir e fazer cumprir a Constituição”, que não se assuma como inspirador ou líder de um bloco que seja constituído, com os actuais ou mais partidos, para dar continuidade ou consolidar a politica neoliberal de subserviência e liquidação nacional, que está em curso.
Por pensar sobre este tema o que atrás expus, tenho forçosamente que pensar que a primeira e fundamental tarefa que se coloca aos Portugueses é a de criar condições de total rejeição da política que o PSD e o PP, com Cavaco Silva, estão a fazer e de criar também condições sociais e politicas para que outros, embora com outra denominação, não tenham espaço para fazer a mesma política.
Assim sendo estranho duas coisas: a aparente e histérica prioridade que alguns sectores e personalidades estão a dar às presidenciais, bem notória na semana passada e a falta de empenho de alguns desses e de outros sectores em definirem, com clareza e desassombro, o que querem e propõem para o futuro de Portugal.
Escolher um Presidente que o seja mesmo é muito importante, mas anular o debate sobre o futuro, que passa primeiro pelas Legislativas, é um disparate que alguns estão a fazer!
Horta, 12 de Abril de 2015
José Decq Mota