Artigo de opinião de Paulo Santos:
O PS regional não é adepto de entendimentos com forças de esquerda. Tem sido esse o sentido das declarações de Vasco Cordeiro. Não admira. Com efeito, por estranho que pareça, a política do executivo regional na última década encontra pontos de contacto com a que tem seguido a coligação de direita no país.
Num caso e noutro, à devida escala, foi clara a opção pela concentração/centralização de serviços e sinergias produtivas, com beneficio para um grupo restrito de pessoas e/ou empresas; num caso e noutro, revelou-se líquida a aposta nos estágios profissionais e programas ocupacionais em detrimento da criação de emprego estrutural, com subsequente precarização das relações laborais e agravamento da situação social. A mesma política, cá e lá, gerou o mesmo tipo de beneficiários, a saber, os grandes grupos monopolistas e os empresários do “regime”; e produziu danos, lá e cá, nas mesmas camadas sociais, ou seja, nos trabalhadores e na classe média.
Uma solução para o país com PS, PCP e BE, implica a reversão da política que vem sendo seguida, através do mínimo essencial de medidas viradas para a empregabilidade e sustentabilidade do aparelho produtivo. Determina o PS nacional menos vulnerável à infiltração “direitista” que o acomete há décadas.
O PS Açores, nesse contexto, fica isolado na sua “aliança” contranatura firmada com as forças conservadoras do “establishment” insular, tornando claro que o anseio da maioria dos açorianos afetados pelas dificuldades é antitético face à satisfação dos poderosos interesses “lobistas” dominantes. Assim, entendimentos à esquerda no continente tanto são fonte de preocupação para Vasco Cordeiro e apoiantes da sua política desgraçada, como sinal de esperança para quem sofre e quer uma vida melhor.