Artigo de opinião de Paulo Santos:
O aumento do salário mínimo na região, embora insuficiente para gerar vida condigna a todos os que o auferem, representa uma importante viragem. O Governo Regional, em tom de propaganda, chama a si o mérito da medida, como se ela resultasse da sua ação. Nada mais falso. Decorre automaticamente da lei, por aplicação de 5% sobre o salário mínimo nacional, aumentado em função dos entendimentos estabelecidos no quadro da AR.
Clarifiquemos. O “animus” que subjaz ao governo de Cordeiro é distante da natureza daqueles entendimentos, e por vezes próximo da ideologia professada pela dupla Passos-Portas. É que, a exemplo destes, já por várias vezes, o poder de cá rejeitou as propostas do PCP orientadas para melhoria das condições de vida. Assim foi com o acréscimo ao salário mínimo e com a atualização do valor base da remuneração complementar.
É evidente a colagem do PS regional à política austeritária de índole “trokista”, e bem assim, o desprezo pelo fator trabalho em favor do capital e dos interesses “lobistas”. Não admira a aposta na proliferação de estágios profissionais e programas ocupacionais, em quantitativo tal que se substituíram à contratação. Não surpreende a opção pela centralização dos meios de produção, a mando dos poderosos grupos económicos. Os açorianos que vivem com dificuldades nada têm que agradecer ao governo regional e à maioria que o sustenta. O acréscimo de rendimento deve-se às sinergias estabelecidas entre as forças que viabilizaram na República uma solução alternativa ao “trokismo” de direita, com compromissos sectoriais concretos, de que é exemplo o aumento do salário mínimo.
A solidificação deste processo vai a exame dia 24, mas poderá ter uma etapa decisiva em Outubro, quando os açorianos fizerem cair a atual maioria na região.