Aleppo e Mossul são duas cidades do Oriente Médio repetidamente presentes na atualidade informativa que nos tem entrado casas adentro. Por isso mesmo julgo merecerem alguns minutos de reflexão da parte daqueles que, como eu, procuram estar atentos ao que se passa no mundo, particularmente no âmbito de preocupações comuns e naturais a qualquer ser humano como são as questões da paz e da segurança internacional.
Assim, a fazer fé na informação que nos chega, em Aleppo, na Síria, viver-se-ia uma imensa tragédia onde um poder déspota e belicista, apoiado pelos bombardeamentos aéreos dos seus aliados igualmente déspotas e belicistas, massacra quotidianamente populações indefesas, nas suas casas, hospitais e escolas da zona leste da cidade, visando expulsar definitivamente as forças “rebeldes anti-governamentais” que nela se encontram acantonadas e que se opõem e lutam contra o poder déspota que os oprime.
Em contraste, fazendo fé na mesma informação, sobre Mossul, no Iraque, prossegue entretanto uma ofensiva heróica do exército dum governo legítimo, apoiado por bombardeamentos da aviação aliada, visando reconquistar aquela cidade que está ocupada pelos terroristas do “Estado Islâmico”, os quais, para resistir a essa ofensiva, diariamente massacram a população civil e a utilizam criminosamente como escudos humanos.
Entretanto, objetivamente, o que se passa são duas situações afinal muito semelhantes: Os governos legítimos (e reconhecidos à luz do direito internacional) da Síria e do Iraque, apoiados pelos bombardeamentos das aviações aliadas, respetivamente russa e norte-americana, procuram reconquistar duas cidades nos seus territórios, dominadas parcialmente no caso de Aleppo e totalmente no caso de Mossul por forças reconhecidas como ligadas ao terrorismo internacional: a Frente Al-Nusra (filial da Al-Qaeda) em Aleppo, e o chamado “Estado Islâmico”, ISIS ou DAESH em Mossul. Em ambas as cidades as forças terroristas impedem as populações civis de sair, usando-as como escudos humanos contra as ofensivas governamentais em curso, e massacram-nas quando elas resistem ou tentam fugir. Em ambas as cidades e nos seus arredores, dadas as circunstâncias, os bombardeamentos das aviações aliadas têm provocado e continuarão infelizmente a provocar, enquanto durar a ofensiva, vítimas entre essas populações.
Sendo assim, em prol da defesa da paz e segurança internacionais, bem como do respeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas e da legalidade internacional, as duas situações deveriam naturalmente ser reconhecidas de forma equivalente, independentemente de se tratar do governo sírio ou iraquiano, dos aliados serem a Rússia ou a coligação encabeçada pelos EUA.
Mas como sabemos não é isso que se passa. A informação que nos chega trata uns como “maus” e outros como “bons”, retransmitindo apenas as notícias veiculadas pelos “bons”, e pelos EUA em particular. Aos “maus” - os governos sírio e russo - ao invés de lhes reconhecer o empenho no combate ao terrorismo internacional em território sírio (como os “bons” fazem no território iraquiano) essa informação ensaia antes classificá-los como criminosos de guerra, lançando sobre eles a suspeita constante de atentados deliberados à população civil, apenas atestados no entanto por entidades de imparcialidade duvidosa como o “observatório sírio de direitos humanos”, sedeado no Reino Unido, ou os “capacetes brancos” ligados às forças terroristas de Aleppo…
E isto é para todos preocupante. Quando ao combate contra o terrorismo internacional se sobrepõem acusações e ameaças entre as potências militares que participam nesse combate, não é de luta pela paz e pela segurança que estamos a falar, é de uma perigosa escalada belicista a nível mundial…
Aleppo e Mossul são duas cidades do Oriente Médio repetidamente presentes na atualidade informativa que nos tem entrado casas adentro. Por isso mesmo julgo merecerem alguns minutos de reflexão da parte daqueles que, como eu, procuram estar atentos ao que se passa no mundo, particularmente no âmbito de preocupações comuns e naturais a qualquer ser humano como são as questões da paz e da segurança internacional.
Assim, a fazer fé na informação que nos chega, em Aleppo, na Síria, viver-se-ia uma imensa tragédia onde um poder déspota e belicista, apoiado pelos bombardeamentos aéreos dos seus aliados igualmente déspotas e belicistas, massacra quotidianamente populações indefesas, nas suas casas, hospitais e escolas da zona leste da cidade, visando expulsar definitivamente as forças “rebeldes anti-governamentais” que nela se encontram acantonadas e que se opõem e lutam contra o poder déspota que os oprime.
Em contraste, fazendo fé na mesma informação, sobre Mossul, no Iraque, prossegue entretanto uma ofensiva heróica do exército dum governo legítimo, apoiado por bombardeamentos da aviação aliada, visando reconquistar aquela cidade que está ocupada pelos terroristas do “Estado Islâmico”, os quais, para resistir a essa ofensiva, diariamente massacram a população civil e a utilizam criminosamente como escudos humanos.
Entretanto, objetivamente, o que se passa são duas situações afinal muito semelhantes: Os governos legítimos (e reconhecidos à luz do direito internacional) da Síria e do Iraque, apoiados pelos bombardeamentos das aviações aliadas, respetivamente russa e norte-americana, procuram reconquistar duas cidades nos seus territórios, dominadas parcialmente no caso de Aleppo e totalmente no caso de Mossul por forças reconhecidas como ligadas ao terrorismo internacional: a Frente Al-Nusra (filial da Al-Qaeda) em Aleppo, e o chamado “Estado Islâmico”, ISIS ou DAESH em Mossul. Em ambas as cidades as forças terroristas impedem as populações civis de sair, usando-as como escudos humanos contra as ofensivas governamentais em curso, e massacram-nas quando elas resistem ou tentam fugir. Em ambas as cidades e nos seus arredores, dadas as circunstâncias, os bombardeamentos das aviações aliadas têm provocado e continuarão infelizmente a provocar, enquanto durar a ofensiva, vítimas entre essas populações.
Sendo assim, em prol da defesa da paz e segurança internacionais, bem como do respeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas e da legalidade internacional, as duas situações deveriam naturalmente ser reconhecidas de forma equivalente, independentemente de se tratar do governo sírio ou iraquiano, dos aliados serem a Rússia ou a coligação encabeçada pelos EUA.
Mas como sabemos não é isso que se passa. A informação que nos chega trata uns como “maus” e outros como “bons”, retransmitindo apenas as notícias veiculadas pelos “bons”, e pelos EUA em particular. Aos “maus” - os governos sírio e russo - ao invés de lhes reconhecer o empenho no combate ao terrorismo internacional em território sírio (como os “bons” fazem no território iraquiano) essa informação ensaia antes classificá-los como criminosos de guerra, lançando sobre eles a suspeita constante de atentados deliberados à população civil, apenas atestados no entanto por entidades de imparcialidade duvidosa como o “observatório sírio de direitos humanos”, sedeado no Reino Unido, ou os “capacetes brancos” ligados às forças terroristas de Aleppo…
E isto é para todos preocupante. Quando ao combate contra o terrorismo internacional se sobrepõem acusações e ameaças entre as potências militares que participam nesse combate, não é de luta pela paz e pela segurança que estamos a falar, é de uma perigosa escalada belicista a nível mundial…
Artigo de opinião de Mário Abrantes