Depois do rescaldo das eleições autárquicas e aprovados, que estão, os
orçamentos regional e nacional a actualidade política nacional
centra-se, quase exclusivamente, no debate que antecede as eleições
presidenciais de 2006.
Esta semana estiveram de visita à Região dois dos candidatos
presidenciais, Jerónimo de Sousa e Cavaco Silva.
Os candidatos vieram cativar apoios e mostrar ao povo açoriano o que pensam do regime constitucional de autonomia.
Cavaco Silva encheu o seu discurso de vivas à autonomia. Jerónimo de Sousa mostrou o que pensa do regime constitucional de autonomia reunindo-se com o Presidente do Governo Regional, assumindo, com a naturalidade e seriedade que se lhe reconhece, um estatuto de homem de estado.
Para quem guarda as memórias não estranhou a atitude Cavaco Silva que, como se sabe, nos 10 anos em que exerceu o cargo de primeiro-ministro que as medidas centralistas e os ataques à autonomia constitucional foram mais violentas e que as tentativas de estrangulamento financeiro e político da autonomia açoriana fizeram levantar em uníssono um rol de protestos de todas as forças políticas, incluso, a do seu próprio partido.
As diferenças entre estes dois candidatos não se ficam por aqui, elas são inúmeras e não cabem nesta coluna.
Se outras razões não houvesse para que os açorianos não votem no professor de economia esta é, por de mais, suficiente - Cavaco Silva encarna o centralismo foi, e é um inimigo do sistema autonómico que Abril permitiu, que a Constituição consagrou e que o povo açoriano tem construído.
Não é demais reafirmar que as eleições presidenciais assumem uma importância política determinante para o futuro de Portugal e, que uma forte votação na candidatura de Jerónimo Sousa, não só contribuirá a “pré-anunciada” vitória do candidato da direita mas terá, sobretudo, a significância do voto que expressa a necessidade de alterar a política económica e social que tem vindo a ser prosseguida por sucessivos governos liderados, alternadamente, pelo PSD e pelo PS e, à qual, embora com responsabilidades, obviamente diferentes, os candidatos Cavaco Silva, Mário Soares e Manuel Alegre estão indelevelmente ligados.
Uma forte votação na candidatura de Jerónimo de Sousa constituirá, assim, um importante e inequívoco sinal da vontade popular de alteração do rumo político seguido nas últimas décadas e que arrastou o país para a crise económica e social que vivemos.
A candidatura de Jerónimo de Sousa não é, como todos sabemos, uma candidatura independente, bem pelo contrário, a candidatura de Jerónimo de Sousa é uma candidatura profundamente comprometida.
A diferença é que Jerónimo de Sousa não esconde os seus compromissos, a sua candidatura está comprometido com a defesa da constituição, da autonomia constitucional, com Portugal e com o povo português.
A candidatura de Jerónimo de Sousa é a candidatura da esquerda coerente, da esquerda combativa e fortemente vinculada aos valores de Abril. É a candidatura que incorpora a esperança, a confiança, a determinação e a luta por um projecto de mudança.
Aníbal C. Pires em “Olhares” no Açoriano Oriental em 9 de Dezembro de 2005