O Presidente da República, nesta ponta final do seu último mandato,
saiu para a estrada e tentou contribuir para que o País tome
consciência da calamidade nacional que é a sinistralidade rodoviária.
Trata-se de uma atitude correcta da parte do Presidente e dela espera-se, pelo menos, que motive um muito maior debate político e social das causas desse grave problema.
Haverá razões muito diversas na base deste problema.
Desde logo a fraca educação cívica que nos marca enquanto povo contribui para os continuados desrespeitos pelas regras de uma condução segura. Mas para além dessa haverá muitas boas razões, como por exemplo, o mau estado de muitas vias E a contradição entre as velocidades máximas permitidas e as potências instaladas nos motores. A este respeito repare-se que por exemplo sabendo nós que nas nossas estradas regionais, fora das localidades, não podemos andar a mais de 80Km/hora, temos todos carros que facilmente chegam aos 160 Km/hora, ou mais.
Estou em crer que a introdução de sensíveis melhorias neste negro panorama da morte na estrada, passará por medidas muito mais sérias e profundas do que todas as que tem sido tomadas.
O Dr. Jorge Sampaio ao escolher esta matéria para tema de uma Presidência Aberta, procurou pôr os olhos do País nesta questão. Espera-se que os grandes Órgãos de Comunicação Social não minorizem esta atitude do Presidente porque ela tem real valor para a sociedade.
Temos todos a responsabilidade de contribuir para que esta situação se altere.
José Decq Mota em “Crónicas de Aquém”
no Açoriano Oriental em 05/05/05