Assumi sempre nestes escritos, por um lado, a qualidade de interventor político activo e por outro lado, a de filho desta Terra que se esforça por contribuir para o respectivo progresso. É nessa mesma condição que escrevo o que se segue. A intervenção política activa que desenvolvo nos Açores há 27 anos tem tido, ela própria, alteração a nível de cargos e funções, como é conhecido, mas processa-se hoje, como ontem, com as mesmas referências políticas e com a mesma vontade de defender a democracia e a justiça. É nesse quadro que concorro, pela 3ª vez na minha vida, à Câmara Municipal da Horta.
A primeira vez que concorri, no recuado ano de 83, tratou-se como era necessário na altura, de contribuir para a afirmação do direito de coexistirem várias opiniões no panorama político regional e local, o que era contrariado pelo PSD então no poder. A segunda vez que concorri à Câmara Municipal da Horta foi em 1997, estando o PS no poder local faialense desde 89 e no poder regional desde 96. Dos 400 votos de 83 aos mais de 1500 de 1997 vai não só a diferença entre não ser e ser eleito vereador (como fui), mais vai principalmente o longo caminho que se foi fazendo e que tornou perceptível que a pluralidade no poder local é um bem que faz muita falta quando não existe. Volto a concorrer, como 1º candidato da CDU à Câmara da Horta em 2005. Tenho o prazer pessoal e o gosto político de encabeçar uma lista, ela própria muito plural e inovadora.
A CDU/Faial dá de facto guarida a um projecto que conta não só com muitos independentes, como é sabido, mas que conta especialmente na lista da Câmara, com a participação, pela primeira vez de muitos cidadãos independentes que optaram nesta candidatura para ajudar a criar uma verdadeira oportunidade de mudança. Concorro à Câmara por um lado porque fui solicitado a isso e por outro lado porque entendo que posso dar um contributo a uma mudança que a generalidade dos Faialenses sentem ser indispensável. Não farei da campanha que se avizinha, nem “uma arena de combate”, nem muito menos, “ um espaço de insulto e calúnia”. Encaro a campanha eleitoral como o espaço adequado para explicar o que é que tem que mudar e para propor novas formas de actuar e novas medidas a desenvolver. Todos sabem que a luta política que desenvolvo tem, em relação ao Faial, vários pilares muito sólidos:
• Combater e anular a desvalorização que o partido governante tem imposto ao Faial. • Alterar o estilo governativo em vigor actualmente inspirado na ideia de que o poder tudo pode e que as opiniões da sociedade nada pesam. • Aumentar, no maior grau possível, o investimento municipal estruturante que contribua para o progresso da sociedade, para o desenvolvimento da economia, para a melhoria da qualidade de vida e para a valorização cultural desta nossa comunidade insular. • Defender intransigentemente o reforço muito urgente do investimento público regional e nacional no Faial, por forma a que possam ser assegurados o crescimento do Porto da Horta, o crescimento adequado da pista do Aeroporto da Horta, a construção da sede da DOP, a construção da nova Escola Secundária, de entre outros projectos importantes. • Recriar um ambiente social de participação política e de manifestação livre de opinião e mais do que isso, de constatação clara que as opiniões emitidas pesam nas decisões dos órgãos que estão mandatados para as tomar. • Valorizar, anulando a tendência de desvalorização em vigor, a Assembleia Municipal e as Assembleias de Freguesia e estabelecer, por todos os meios, um vivíssimo diálogo com as forças vivas de toda a ilha. • Revalorizar a rica história do Faial e o importante papel que sempre teve na vida da Região e do País, não como forma de alimentar um saudosismo que nebuliza a lucidez, mas como meio de impulsionar novas formas de agir que valorizem, sem isolacionismos de nenhuma espécie, esta Ilha.
É tempo de retirar o poder àqueles que, por exemplo, afirmaram “que não podemos exigir porque somos pequenos”; que repetem até à exaustão que “o que está feito é o melhor que se pode fazer”; que olham à volta e dizem “assim está tudo bem”. É tempo de pôr termo ao conformismo local dos que tem pactuado com a desvalorização da nossa ilha, mas mais do que isso, é tempo de demonstrar que a valorização, desenvolvimento e o progresso do Faial é de grande importância para o conjunto da Região e mesmo do País. A oportunidade para mudar que a candidatura que eu encabeço representa vai apresentar-se com a humildade dos que sempre lutaram por causas e com a frontalidade dos que prezam a liberdade e a participação. Os faialenses irão em 9 de Outubro decidir qual vai ser o futuro imediato da nossa ilha e apelo para que o façam em perfeita liberdade de consciência, sem se deixarem influenciar por doces palavras e brilhantes publicações de última hora.
Todos sabemos entretanto que, para lá das palavras de ordem que os vários candidatos usam, há uma realidade sentida por muitos milhares de faialenses: Nas próximas eleições o Faial só ganha se houver mudanças profundas e se essas mudanças profundas incluírem a perspectiva de valorização desta ilha, muitas vezes negada pelo PS e pelo PSD, e a perspectiva de grande dinamização da vida social, cultural e política faialense
José Decq Mota em “eleições autárquicas de 9 de Outubro” publicado em 9 de Setembro de 05 no Tribuna das Ilhas