Afinal para onde vai o dinheiro dos projectos de Rabo de Peixe…?!

lurdes_branco.jpgRabo de Peixe foi elevada a Vila em 25 de Abril de 2004, acontecimento que gerou enorme e naturais expectativas junto da população, as quais se viram frustradas.

Além de um monumento à Vila, no qual foi gasto uma avultada quantia de dinheiro e que não passa de um monte de chapa que nada diz à grande maioria da população daquela Vila; dumas comemorações com pompa e circunstância – que diga-se de passagem, também devem ter custado muito dinheiro –; da inauguração do Cine Teatro que até hoje serve única e exclusivamente para meia dúzia – se tanto – de ateliers de artesanato e para o Centro de Informática, a elevação a Vila não trouxe qualquer benefício, pelo menos visível… Por vezes até parece que em vez de progressos, houve retrocessos… basta ver que deixou de existir o “Patrapeixe” (projecto que incluía um grupo de teatro infantil e outro juvenil) o qual parece que finalmente recomeça a ganhar novo ânimo; continuamos sem as tão anunciadas projecções de cinema, constando mesmo que todo o equipamento existente no Cine Teatro aquando da inauguração se encontra neste momento no Teatro Micaelense… enfim… Como se tal não bastasse, qual não foi o meu espanto, ao saber que o Agrupamento de Escuteiros de Rabo de Peixe, se encontra neste momento sem sítio para reunir, tendo os “Lobitos” efectuado a sua reunião na passada sexta-feira em plena rua, frente ao edifício da Junta de Freguesia, onde normalmente reuniam, mas que, segundo consta, “deixou de ter espaço” para este agrupamento efectuar reuniões.

Se é verdade que os Escuteiros de Rabo de Peixe têm um imóvel cedido pela Câmara Municipal da Ribeira Grande para sede dos mesmos, não é menos verdade que o mesmo se encontra em péssimo estado de conservação e que a sua utilização poria em risco a segurança dos escutas. Por outro lado, se é de difícil percepção o facto da autarquia ter deixado de ter condições para ceder o espaço até agora utilizado pelo agrupamento, não é de todo perceptível nem aceitável que o Governo Regional, nomeadamente a Direcção de Serviços de Juventude, sabendo das dificuldades que o Agrupamento enfrenta; apoiando a aquisição e remodelação de sedes de Agrupamentos deste tipo; tendo inscrito no Plano e Orçamento da Região uma verba destinada à Intervenção Específica em Rabo de Peixe na área da Juventude, ainda não tenha apoiado este grupo. Está em causa a ocupação de umas largas dezenas de jovens e crianças de uma zona problemática e que, estando integradas num Agrupamento deste tipo, desenvolvem e vêem incentivados hábitos de vida saudáveis. É inadmissível e em nada dignificador para a Vila de Rabo de Peixe e para os seus habitantes, que os jovens escuteiros tenham de reunir na rua, ao frio e à chuva, quando tanto dinheiro de tanto projecto tem sido indicado para esta Vila!

É inadmissível e desmotivante, quer para as crianças e jovens, quer para os responsáveis toda esta situação… A finalizar, resta saber: - Será que a Autarquia tem inscrito no seu Plano e Orçamento para este ano alguma verba destinada a apoios para este tipo de grupos?! - Será que a Junta de Freguesia vai continuar a alegar falta de espaço, quando tem uma sala de reuniões e um sótão utilizados apenas esporadicamente?! - A Junta de Freguesia despejou os Escuteiros e nada faz pela juventude de Rabo de Peixe?! - Será que a Câmara Municipal, que suponho tem verbas destinadas à juventude no seu Plano e Orçamento, não poderá contribuir para a remodelação da sede?! - Será que dos € 18 500,00 destinados à Intervenção Específica em Rabo de Peixe – Juventude e Emprego, não haverá um montante que possa ajudar à remodelação da sede do Agrupamento de Escuteiros?! - Será necessário o Agrupamento e a população da Vila de Rabo de Peixe utilizarem outras formas de luta para alcançarem os objectivos?! - Para onde vão e para que servem os dinheiros dos sucessivos projectos para a Vila de Rabo de Peixe?! Uma coisa é certa, os responsáveis pelo Agrupamento, as crianças e os jovens, os pais e a população em geral, não devem permitir que a actividade do Agrupamento seja prejudicada pela falta de espaço para reunir… O que é certo, é que esta situação é apenas a pontinha do iceberg…

Lurdes Branco em “Politica” no Açoriano Oriental a 10/01/2006