A ANA-EP, numa atitude baseada única e exclusivamente em critérios economicistas e que prossegue o que tem sido a prática desta empresa em relação ao aeroporto de Santa Maria, decidiu prolongar o encerramento nocturno daquela infra-estrutura. Os marienses já estão habituados a que ANA tenha atitudes que vão contribuir para o agravamento da perda de importância estratégica do aeroporto, que ainda continua a ser um importante pólo de sustentabilidade económica da ilha. Não estavam era habituados a ouvir um dos membros da administração da empresa referir-se ao aeroporto de Santa Maria, como sendo “um aeroporto igual a qualquer outro… igual ao da Graciosa ou de outra ilha qualquer…!” Realmente, na minha terra diz-se que “Gente tola e toiros, paredes altas!”, mas eu cada vez tenho mais medo de gente tola e ignorante do que dos toiros…! Numa altura em que se fala na rentabilização do aeroporto de Santa Maria através da aposta nas escalas dos aviões de transporte de carga urgente, havendo mesmo propostas da Câmara Municipal (pelo menos da anterior gestão) que apontavam nesse sentido; sabendo-se que as escalas técnicas são uma das principais fontes de receita daquele aeroporto e que as mesmas se realizam preferencialmente à noite; sabendo da importância que o aeroporto tem em termos económicos, históricos e sociais para a ilha e para os Açores, é incompreensível toda esta situação que certamente terá repercussões na quantidade de postos de trabalho.
De acordo com a administração da ANA, o aeroporto de Santa Maria deu prejuízo no ano passado, contudo, os marienses continuam sem saber o montante desse mesmo prejuízo; continuam sem saber as razões que conduziram a tal situação; continuam sem saber se por acaso a empresa procurou alternativas que levem ao aumento da rentabilização económica do mesmo… Por outro lado, todos continuamos sem saber as razões que levam a que o combustível no aeroporto de Santa Maria seja bastante mais elevado que nos outros aeroportos da região. Numa altura em que se fala das chamadas “ilhas da coesão” e sendo certo que Santa Maria é uma delas, não se percebe porque razão a empresa que administra o aeroporto de Santa Maria adopta esta medida perante a passividade das autoridades competentes, nomeadamente o Governo Regional, que apenas durante o fim de semana tomou posição pública sobre o assunto. Parece que a coesão é apenas para alguns…! É inadmissível que, vivendo nós numa regia ultraperiférica e exigindo (e bem) por parte da União Europeia, um tratamento especial por tal facto, sejamos os primeiros a contribuir para o acentuar das ultraperiferias das ilhas mais pequenas. Por cá, a Secretária Regional do Ambiente e Assuntos do Mar, anunciou na semana passada como grande medida para a Lagoa das Sete Cidades, a construção de uma PRAIA FLUVIAL…!!!!!
Realmente há coisas que nem ao diabo lembram… que eu saiba e desculpem a minha ignorância, fluvial vem de rio, não de lagoa… por outro lado, realmente, as águas da Lagoa as Sete Cidades, não haja dúvida que são muito convidativas a banhos…! Será que esta brilhante ideia, é uma das primeiras acções da empresa gestora do ambiente que ainda ninguém sabe quais são os objectivos, nem os corpos dirigentes e menos ainda quanto estão a auferir?!
Lurdes Branco Em “Politica” no Açoriano Oriental a 7/02/2006