Acabou de falecer José Dias de Melo, escritor de muitos méritos e
cidadão que soube sempre intervir em defesa da liberdade e da justiça
social.
O panorama intelectual dos Açores fica muito mais pobre e todos aqueles que se empenham pela construção de uma sociedade mais justa perdem um companheiro e camarada de inestimável valor.
Recebi, há momentos, esta triste noticia, que muito dói, e o meu primeiro impulso foi o de me sentar aqui no computador e tentar passar ao papel uma pequena parte do que estou a sentir.
Sinto uma pena enorme por saber que não vou voltar a ouvir aquela voz arrastada com pronúncia do sul do Pico; sinto um grande vazio porque nos últimos tempos não pude ter com ele a frutuosa convivência que mantive por muitos anos; sinto, já, uma grande saudade dos judiciosos conselhos e opiniões que ele sempre me deu.
Lembro-me, como se fosse hoje, do impacto que em mim teve a leitura, era eu muito jovem, do “Pedras Negras”. Com essa obra, Dias de Melo mostrou-me realidades injustas que eu não conhecia e ajudou a criar os trilhos que levaram às opções de vida que mais tarde assumi com empenho.
Seguiu-se a leitura de “Mar Rubro”, “Mar pela Proa” e “Cidade Cinzenta”, obras notáveis, principalmente por terem sido produzidas em tempos e espaços que estavam muito longe dos movimentos literários, de opinião e de oposição politica ao regime de então. Dias de Melo, isolado nas ilhas, soube e quis ser o escritor de uma sociedade que precisava de ser defendida de muitos modos. Até sempre Amigo.
José Decq Mota no Jornal “Açoriano Oriental” em 26 de Setembro de 2008
Recebi, há momentos, esta triste noticia, que muito dói, e o meu primeiro impulso foi o de me sentar aqui no computador e tentar passar ao papel uma pequena parte do que estou a sentir.
Sinto uma pena enorme por saber que não vou voltar a ouvir aquela voz arrastada com pronúncia do sul do Pico; sinto um grande vazio porque nos últimos tempos não pude ter com ele a frutuosa convivência que mantive por muitos anos; sinto, já, uma grande saudade dos judiciosos conselhos e opiniões que ele sempre me deu.
Lembro-me, como se fosse hoje, do impacto que em mim teve a leitura, era eu muito jovem, do “Pedras Negras”. Com essa obra, Dias de Melo mostrou-me realidades injustas que eu não conhecia e ajudou a criar os trilhos que levaram às opções de vida que mais tarde assumi com empenho.
Seguiu-se a leitura de “Mar Rubro”, “Mar pela Proa” e “Cidade Cinzenta”, obras notáveis, principalmente por terem sido produzidas em tempos e espaços que estavam muito longe dos movimentos literários, de opinião e de oposição politica ao regime de então. Dias de Melo, isolado nas ilhas, soube e quis ser o escritor de uma sociedade que precisava de ser defendida de muitos modos. Até sempre Amigo.
José Decq Mota no Jornal “Açoriano Oriental” em 26 de Setembro de 2008