Segui com atenção o Congresso Nacional do PS e devo dizer que a única coisa que não me espantou foi o vazio de ideias que ficou bem patente em toda aquela iniciativa.
Penso que estivemos perante uma encenação cuidadosa, destinada a justificar a politica de direita que é feita pelo PS, criando a falsa ideia de que haverá “uma viragem à esquerda”.
Como evento político foi na realidade muito pobre. Não houve qualquer
viragem para lado nenhum, houve sim, uma vez mais, uma enorme
utilização e valorização do marketing político.
O PS de Sócrates é uma formação politica do centro europeu mas que
segue os ditames da direita europeia. O Governo de Sócrates é autor de
politicas que muito têm prejudicado quem trabalha e que muito tem
agradado a quem promove e usufrui da concentração capitalista.
No
combate à crise o Governo de Sócrates tem-se preocupado mais com as
dificuldades da banca aventureira e desregulada do que com as
gravíssimas situações sociais que vão aparecendo.
Foi o partido que apoia este Governo que fez um Congresso vazio de ideias e destinado, apenas, a dar luz verde à continuação da mesma politica de direita.
Vários comentadores andavam há muitos dias a falar na “viragem à esquerda” que o PS ia fazer. Aparece Vital Moreira como 1º candidato do PS ao Parlamento Europeu e vem logo um desses comentadores “isentos” dizer: ai está a viragem à esquerda!
Mas o facto é que não está, pois
Vital tem sido nos últimos quatro anos um dos maiores apoiantes e até
co-autor, nalgumas áreas, da política de direita de Sócrates. Em
relação a essa nomeação, o máximo que se pode dizer é que Sócrates não
é ingrato!
Este foi um Congresso tremenda e perigosamente vazio.
José Decq Mota, no jornal "Diário Insular", em 3 de Março de 2009