Momentos há em que não é possível fingir que se não está a ver o significado profundo de certas atitudes. Quando tenho noticia que, nos recém iniciados debates parlamentares regionais, o Grupo Parlamentar do PS, presidido pelo Prof. Hélder Silva, insiste na definição prévia de tempos globais para debate, só posso ficar profundamente indignado.
O GP do PS depois de ter retirado quase todos os
meios aos partidos mais pequenos, aparece agora com a imposição, por
via da maioria absoluta que detém, de definir tempos prévios.
É bom que
se saiba que o PCP e o PPM só dispuseram de 5 minutos para discutir, na
generalidade, a questão do Estatuto dos professores e o BE, nessa mesma
matéria, só dispôs de 7 minutos.
Esses tempos são globais, isto é,
servem para tudo, desde intervir a pedir ou dar esclarecimentos. É bom
também que se saiba que não é essa a tradição parlamentar açoriana,
sendo que a definição de tempos globais só era, por regra, usada na
discussão dos Planos, Programas de Governo e pouco mais.
Mesmo assim,
nesses casos, era sempre assegurado aos partidos mais pequenos tempos
que lhes permitiam participar nos debates dignamente.
O que o PS está a fazer no Parlamento Açoriano é, simplesmente, sujo e é próprio de gente não democrática e não de gente que diz orgulhar-se de ser democrata.
O Presidente do PS/Açores, Carlos César, é,
naturalmente, o primeiro responsável, assim como o Presidente do Grupo
Parlamentar, que não se pode desculpar com a vontade de outros.
Dirigindo-me aos militantes socialistas em geral digo: haja coragem,
haja bom senso.
José Decq Mota, no jornal "Açoriano Oriental", no dia19 de Fevereiro de 2009