É absolutamente claro que há possibilidades objectivas de aumentar o tráfego do Aeroporto da Horta, mas também é claro, para que isso suceda, que a pista tem que crescer os 500 metros que os técnicos indicam.

O crescimento do tráfego será feito, quer à custa dos voos charter provenientes das nossas comunidades emigradas – e que há muito são justamente reclamados – quer à custa de voos charter de outras proveniências pois esta zona do Arquipélago tem uma capacidade de oferta turística que não é, de nenhum modo, inferior às outras zonas da Região. O crescimento da pista possibilita, ainda, o recurso a equipamentos maiores, quando necessário, na exploração das carreiras regulares. Infelizmente este assunto tem sido muito maltratado pelos órgãos políticos. Sucederam-se as atitudes políticas favoráveis ao crescimento da pista, mas na prática, até agora todas as decisões tomadas foram postas de lado, de forma aliás grosseira. Fiquei estupefacto há meses quando na ocasião em que fui apresentado a um senhor Vice- Presidente da ANA, SA. em início de mandato, ele me disse que a ANA ia “agora, começar a estudar o assunto, mas que não lhe parecia que era necessário esse aumento de pista do aeroporto da Horta”.

 

Fiquei espantado porque a ANA fez há poucos anos uma aerogare com capacidade para 1 milhão de passageiros/ano, quando sabe que tem um movimento actual de 250000/ano, o que mostra que queria aumentar o tráfego; fiquei espantado porque a anterior administração da ANA, SA. afirmou muitas vezes que a questão estava a ser estudada; fiquei espantado porque houve candidatos a primeiro-ministro e primeiros ministros em funções que afirmaram que a decisão de aumentar a pista já estava tomada. Fiquei espantado porque percebi que a nova Administração da ANA, SA. certamente com conhecimento do actual Ministro que tutela os interesses do Estado na Empresa, esqueceu tudo o que foi dito e tudo o que foi feito e aparece por aí a falar deste assunto da mesma forma que se falaria no caso de se tratar de um disparate. Queria aqui deixar dito que penso que o crescimento da pista do Aeroporto da Horta é um assunto de interesse regional, pois é um instrumento essencial para que possa haver um desenvolvimento harmónico e equilibrado de toda a Região.

 

O Governo Regional já se manifestou no sentido de, se for necessário, assumirá esse investimento. Trata-se de uma intenção importante mas penso que não há nenhuma razão para aceitarmos, sem ripostar,a actual posição da Administração da Ana, SA. que é uma posição irracional e inspirada por outros interesses. É necessário que todos os faialenses e os seus órgãos representativos bem como os Órgãos de Governo Regional marquem uma forte posição sobre este assunto junto do Governo de Sócrates, colocando no lugar certo esses Administradores que, na verdade só cá trazem recados. Caso o Governo da República não assuma as suas responsabilidades –como os últimos três não assumiram – então a Região deve assumir a responsabilidade da obra e, naturalmente, da gestão do Aeroporto. Caso a situação evolua nesse sentido este Governo da República será o responsável por uma atitude incompreensível à luz de qualquer tese de desenvolvimento de todo o País.

 

José Decq Mota no Tribuna das Ilhas em 17 /02/2006