Como é do conhecimento geral, é já no próximo dia 7 de Junho que os eleitores dos 27 Estados-Membros, e os portugueses em particular, irão escolher os eurodeputados que deverão representar e defender os interesses de cada país no Parlamento Europeu.
Ao contrário do que vinha acontecendo, Portugal elege menos 2 representantes, passando dos actuais 24 para 22, de um total que, até ao próximo acto eleitoral, era de 785, e que totalizará, a partir de Junho próximo, 736. Devido ao peso diverso dos países da União Europeia a 27, nós somos um dos países que fica a perder, pois, desde a sua criação, os maiores e mais fortes países da União, nomeadamente a Alemanha, França, Itália e Reino Unido, sempre fizeram questão de fazer demonstrar o seu peso, face à importância diminuta dos países mais pequenos e menos populosos. Este premissa é um dos mais graves erros da constituição da UE e da sua forma de trabalhar, pois os países que a compõem, devem ter direitos e deveres iguais, assentes nas especificidades próprias de países que totalizam cerca de 500 milhões de cidadãos.
A Coligação Democrática Unitária (CDU), com dois eurodeputados saídos das europeias de 2004, tem para apresentar o trabalho e esforço ímpares de quem assumiu, desde o primeiro dia, a defesa dos portugueses, da soberania do país, da valorização do trabalho e dos trabalhadores, como grande batalha a despoletar e desenvolver em Estrasburgo, como uma voz presente e incessante, na representação, não apenas de quem os elegeu, mas de todos os portugueses.
A este propósito, numa altura em que a desregulamentação dos horários de trabalho nos é vendida, tanto pelo governo, como pela Comissão Europeia, como a saída para todos os males, os deputados do PCP no Parlamento Europeu desmontaram toda esta teia, assumida em directiva que visava a alteração da jornada de trabalho semanal das 48 para as 65 horas, esclarecendo e denunciando mais este ataque à vida familiar dos trabalhadores, ao seu direito ao descanso e ao lazer. É bom recordar que, nesta matéria de superior importância, o governo português absteve-se, não rejeitando assim, como seria de esperar de quem tem o dever de defender os trabalhadores portugueses, mais este real ataque aos direitos de quem trabalha. Contudo, totalmente estranho não será, pois vai na linha do (mal) que tem feito aos trabalhadores, desde que assumiu funções em 2005. Felizmente, o Parlamento Europeu rejeitou, já no final do ano transacto, a referida directiva, com os votos contra dos deputados do PCP com assento no hemiciclo europeu. No entanto, este dossier não está fechado, pois o grande patronato europeu, a Comissão, bem como os grupos mais retrógrados presentes em Estrasburgo, vieram já afirmar a possibilidade de se proceder a uma nova negociação relativa às jornadas de trabalho, podendo chegar estas, espantem-se, às 78 horas semanas. O neo-liberalismo no seu melhor.
Fernando Marta, no blog http://umapalavraparaoprogresso.blogspot.com/